UE continua a financiar Putin: importações de GNL russo estão a aumentar para “níveis recorde”, indicam especialistas
A Europa comprou uma quantidade recorde de GNL (gás natural liquefeito) à Rússia em 2024, apesar dos esforços da União Europeia para abandonar os combustíveis fósseis que financiam o fundo de guerra de Putin: no ano transato, de acordo com os analistas da Rystad Energy, atracaram nos portos europeus navios que transportaram 17,8 milhões de toneladas de GNL russo ultrafrio, o que representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas face a 2023.
Segundo Jan-Eric Fähnrich, analista de gás da Rystad Energy,os fluxos de GNL não estavam apenas a aumentar, mas “a níveis recorde”. A Europa cortou as vastas importações de gás russo canalizado desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, mas tem comprado mais carregamentos de GNL de vários países, incluindo a Rússia – em 2024, ultrapassou o Qatar como o segundo maior fornecedor de GNL da Europa, apenas atrás dos EUA. Parte do GNL terá sido revendido para outros países, referiu o especialista.
De acordo com os ativistas, a UE está a minar o seu apoio à Ucrânia e as suas próprias metas climáticas ao continuar a pagar a Moscovo: segundo dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), cujos números diferem ligeiramente dos da Rystad, as importações da UE de GNL russo chegaram a 7,32 mil milhões de euros em 2024, o que representou um aumento de 14% face ao volume do ano anterior, elevando as importações para 17,5 milhões de toneladas. “A razão para o aumento é bastante simples”, apontou Vaibhav Raghunandan, analista da Rússia na CREA. “O GNL russo é oferecido com desconto para fornecedores alternativos… Sem sanções impostas à commodity, as empresas estão a operar no seu próprio interesse e comprando quantidades crescentes de gás do fornecedor mais barato.”
Ativistas ucranianos argumentaram que o regime de sanções está a ser prejudicado por “brechas gritantes” que ainda permitem que a Rússia financie a sua máquina de guerra com receitas de combustíveis fósseis. “Os níveis recordes de importações russas de GNL em 2024 são um lembrete gritante de que a UE deve agir decisivamente para fechar as brechas restantes no seu regime de sanções”, criticou Svitlana Romanko, fundadora da ‘Razom We Stand’, grupo de campanha climática ucraniano. “Estamos com 15 pacotes de sanções agora, e uma proibição total das importações russas de GNL é urgentemente necessária para parar de financiar o cofre de guerra de Putin.”