UE combate surto de peste ovina e caprina: vírus mata até 70% dos animais infetados
Diversos Governos europeus, em particular do sudeste da Europa, têm-se esforçado para conter um surto de peste ovina e caprina que terá começado no mês passado na Roménia e ameaça espalhar-se pela Bulgária e pelos Balcãs.
De acordo com as autoridades búlgaras, os veículos têm sido desinfetados e são exigidos testes PCR negativos para todos os animais que entram no país desde a última segunda-feira: o mesmo fez a Grécia, onde o surto já causou estragos, com diversas quintas em quarentena e o abate preventivo de mais de 10 mil ovelhas depois de o vírus — conhecido como “Peste des Petits Ruminants” (PPR) — ter sido detetado pela primeira vez no passado dia 11, de acordo com o Ministério da Agricultura grego.
“Não há escassez no mercado no momento”, salientou Christos Tsopanos, presidente da Associação de Gado Grego (SEK), em declarações ao jornal ‘POLITICO’. “A Grécia tem 140 milhões de cabras e ovelhas, é líder na UE e o facto de algumas dezenas de milhares terem sido abatidas não está a mudar as coisas rapidamente.” “É um problema para os agricultores que perderam os seus rebanhos, mas espero que sejam rapidamente compensados.”
Uma grande preocupação continua a ser o fornecimento de Feta, um queijo grego feito de leite de ovelha e cabra: a Grécia produz mais de 140 mil toneladas de Feta anualmente e cerca de 65% deste é exportado, o que ajudou o país a lucrar um recorde de 730 milhões de euros em 2023. “As indústrias estão a funcionar normalmente e têm stocks de Feta”, garantiu Tsopanos. No entanto, embora as exportações de queijo feta não corram perigo, não se pode descartar aumentos nos preços domésticos dos queijos mais populares, destacou o ministro do Desenvolvimento Rural e Alimentação, Kostas Tsiaras.
A PPR mata até 70% dos animais infetados: desde que foi relatada pela primeira vez na Costa do Marfim em 1942, tem dizimado periodicamente o gado em diversas partes da África e do Médio Oriente, causando perdas anuais de até 2,1 mil milhões de dólares, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
No entanto, a PPR só chegou à União Europeia em 2018, espalhando-se da Turquia para a Bulgária. Na época, as autoridades destruíram cerca de 2 mil cabeças de gado e isolaram várias aldeias, interrompendo a epidemia com sucesso.
De acordo com o ministro grego, o lote atual de infeções resulta de animais vivos trazidos da Roménia para a região central da Tessália, na Grécia. A área agrícola foi atingida por tempestades e inundações em setembro, o que causou danos generalizados à agricultura e afogou centenas de milhares de animais.
Após a chegada da PPR na Tessália, foram identificados cerca de 37 surtos em toda a Grécia, o que levou as autoridades a impor controlo na movimentação e abate para conter a disseminação da praga.
A UE enviou inspetores de saúde para a Grécia e a Roménia na semana passada e está preparada para conter possíveis emergências em outros países. As autoridades globais de saúde pretendem erradicar a PPR até 2030 através da vacinação generalizada, procurando reproduzir a vitória sobre a peste bovina ovina em 2011. Biologicamente semelhante à PPR, essa doença afetou o gado e sua erradicação marcou o primeiro fim de uma doença animal nos tempos modernos.