Ucrânia “pode deixar de existir” este ano, avisa conselheiro de Putin
Nikolai Patrushev, uma figura de destaque no círculo próximo do presidente russo Vladimir Putin, alertou que a Ucrânia pode “deixar de existir” como estado soberano já esta ano. A declaração foi feita numa entrevista ao jornal pró-Kremlin Komsomolskaya Pravda, e ocorre num momento de incerteza quanto à postura dos Estados Unidos na guerra entre a Rússia e a Ucrânia após a posse de Donald Trump.
Patrushev, que anteriormente ocupou o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia, relacionou a previsão com os alegados efeitos de “ideologias neo-nazis” e da “Russofobia desenfreada” que, segundo ele, têm conduzido à destruição de cidades ucranianas. “É possível que no próximo ano a Ucrânia deixe de existir por completo”, afirmou.
A declaração surge num contexto em que a administração de Joe Biden tem sido um forte aliado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, desde o início da invasão em grande escala da Rússia há quase três anos. Contudo, a postura de Trump sobre o conflito permanece ambígua, apesar de o presidente eleito ter afirmado anteriormente que, se estivesse à mesa de negociações com Putin e Zelensky, a guerra terminaria “em 24 horas”.
Críticas a Biden e projeções sobre Moldova
Na entrevista, Patrushev também comentou sobre a política externa dos EUA, destacando que, embora uma “parte significativa do mundo ainda olhe para a América”, as elites americanas estão “divididas”. O conselheiro de Putin foi particularmente crítico em relação à administração Biden, sem, no entanto, oferecer clareza sobre como Trump poderá lidar com o conflito na Ucrânia.
Para além das observações sobre a Ucrânia, Patrushev estendeu os seus comentários à vizinha Moldova, criticando as políticas “anti-russas” de Chișinău. “Não descarto que a política agressiva anti-russa de Chișinău resulte na Moldova tornar-se parte de outro estado ou deixar de existir como país”, declarou.
As declarações de Patrushev geraram reações imediatas. Maria Drutska, uma especialista ucraniana em assuntos externos, comentou sarcasticamente nas redes sociais: “Não era suposto deixarmos de existir há três anos em apenas três dias ou semanas? O que se passa com os vossos calendários aí na Rússia?”
Por outro lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Moldova respondeu oficialmente, classificando as palavras de Patrushev como “uma interferência inaceitável nos assuntos internos do nosso país”. Num comunicado publicado pela agência de notícias NewsMaker, o governo moldavo reforçou: “A República da Moldova é um estado soberano que segue consistentemente o caminho da democracia e da integração europeia, em consonância com a vontade dos seus cidadãos.”
Até ao momento, as autoridades ucranianas não responderam publicamente às declarações de Patrushev. Contudo, o comentário reforça a narrativa russa que justifica as suas ações na Ucrânia com base em acusações de “neo-nazismo” e “hostilidade contra a Rússia”.