Ucrânia: Coreia do Norte vai enviar mais tropas e armas para a Rússia

A cooperação militar entre Pyongyang e Moscovo parece estar a intensificar-se, segundo relatórios da Coreia do Sul. O exército sul-coreano afirmou na última sexta-feira que suspeita que a Coreia do Norte esteja a preparar o envio de mais tropas para apoiar as forças russas na guerra contra a Ucrânia. Além disso, autoridades militares ucranianas corroboraram a informação, sublinhando que Pyongyang poderá também fornecer mísseis e sistemas de artilharia ao Kremlin.

De acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, a Coreia do Norte está a acelerar os planos de envio de tropas adicionais para a Rússia. Embora os detalhes sobre como esta avaliação foi feita não tenham sido divulgados, a medida destaca os laços militares cada vez mais estreitos entre Pyongyang e Moscovo, numa altura de crescente condenação internacional.

Além disso, as autoridades sul-coreanas indicam que Pyongyang está a preparar-se para testar um míssil balístico intercontinental (ICBM) capaz de alcançar os Estados Unidos, o que poderá intensificar ainda mais as tensões geopolíticas.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a Coreia do Norte tem fornecido grandes quantidades de munições de artilharia e outras armas convencionais à Rússia. Relatórios de inteligência dos EUA, Coreia do Sul e Ucrânia indicam que cerca de 10.000 a 12.000 soldados norte-coreanos foram enviados para a Rússia em outubro de 2024.

Apesar de serem conhecidos pelo rigoroso treino militar e pela disciplina, os soldados norte-coreanos têm enfrentado dificuldades nos campos de batalha da Ucrânia, devido à falta de experiência em combate real e à pouca familiaridade com o terreno vasto e plano. Estas desvantagens têm resultado em perdas significativas.

Número de baixas entre soldados norte-coreanos
Segundo o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, aproximadamente 300 soldados norte-coreanos foram mortos e outros 2.700 ficaram feridos em combates na guerra da Ucrânia. Por outro lado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estimou recentemente que o número total de baixas norte-coreanas ultrapassa os 4.000, enquanto as agências de inteligência dos EUA apontam para uma cifra mais conservadora, em torno de 1.200.

De acordo com o chefe da inteligência militar ucraniana, Kyrylo Budanov, a Coreia do Norte planeia enviar mais forças para a região russa de Kursk, incluindo unidades de artilharia e lança-foguetes. Em entrevista à revista The War Zone, Budanov revelou que Moscovo já recebeu 120 peças de artilharia autopropulsada Koksan M1989 de 170 mm e 120 sistemas de lançadores múltiplos de foguetes M-1991 de 240 mm provenientes da Coreia do Norte nos últimos três meses.

Estas entregas demonstram o aprofundamento do envolvimento militar de Pyongyang no conflito, num momento em que a Rússia enfrenta dificuldades logísticas e de fornecimento de material bélico.

Numa entrevista recente à Fox News, o ex-Presidente norte-americano Donald Trump referiu-se ao líder norte-coreano Kim Jong-un como “um homem inteligente” e afirmou que planeia retomar o contacto com ele. “Ele gostava de mim, e eu gostava dele”, afirmou Trump, sublinhando que ambos tinham uma relação cordial durante o seu mandato.

Muitos especialistas acreditam que Kim está a utilizar o avanço do seu programa nuclear e os laços militares com o Presidente russo, Vladimir Putin, como ferramentas para reforçar a sua posição nas negociações com os EUA e a Coreia do Sul. Durante uma conferência política em dezembro, Kim prometeu adotar a “política mais dura” contra os Estados Unidos, mas analistas sugerem que ele poderá reconsiderar a abertura de negociações, especialmente se Trump for reeleito e houver possibilidade de concessões de Washington.

A crescente aliança entre a Coreia do Norte e a Rússia tem levantado preocupações globais. Por um lado, Pyongyang poderá receber de Moscovo tecnologias avançadas que aumentem as suas capacidades nucleares. Por outro, esta cooperação militar poderá alterar o equilíbrio de poder na região da Ásia-Pacífico, aumentando a pressão sobre os aliados dos EUA, como a Coreia do Sul e o Japão.

Com a guerra na Ucrânia a intensificar-se e a Coreia do Norte a consolidar os seus laços com a Rússia, o mundo aguarda ansiosamente os próximos desenvolvimentos. A questão agora é: até onde Kim Jong-un estará disposto a ir nesta parceria estratégica com Vladimir Putin?