“Turismo em Lisboa em risco de colapso”. Entidade regional pede que o Governo “abra as portas” e que Medina “alargue os apoios”
A Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) considera que é preciso implementar mais medidas de apoio ao tecido económico do setor e que é urgente avançar com as propostas já apresentadas pela Associação Turismo de Lisboa. “A crise pandémica tem sido devastadora e é necessário assegurar a força de trabalho qualificada e os serviços essenciais para assegurar a boa experiência de quem visita a região”, afirma o comunicado enviado esta, quinta-feira, à Executive Digest.
Na nota, a ERT-RL pede, em primeiro lugar, “que todas as atividades possam ser abertas, sem restrições de horários ou lotações, dado o avanço do processo de vacinação, a massificação dos testes e o conhecimento adquirido no combate à pandemia” e ainda que “a isenção de taxas às esplanadas se prolongue até ao final da pandemia e que os cafés e restaurantes possam transforma as esplanadas provisórias em permanentes”.
A associação de apoio ao alojamento e restauração em 18 municípios da grande Lisboa exige, paralelamente, que “sejam postas em prática as medidas reclamadas pelas associações setoriais e pela CTP, às quais o governo já se comprometeu a dar respostas, com vista a preservar o tecido económico do Turismo, a assegurar o emprego e a evitar que a força de trabalho se afaste da atividade turística, comprometendo a sua recuperação futura”.
“Pedimos, além disso, que se mantenha o apoio à retoma até abril de 2022, a todas as empresas com quebras de vendas acentuadas como forma de ajudar o emprego ativo, os apoios à tesouraria e à capitalização das empresas, permitindo a recuperação económica das empresas e a oportunidade de formação profissional”, clama a ERT-RL.
Num pedido direcionado a Fernando Medina, a organização sublinha “que é necessário manter e alargar os apoios concedido pelo programa “Lisboa Protege” da CML, essencial para a resistência à atual crise”.
Programa “Lisboa Protege”, promovido pela Câmara Municipal da capital terminou no dia 30 de junho. O plano apoiou a fundo perdido cerca de quatro mil entidades, sobretudo das áreas da restauração e comércio, no valor total de 23 milhões de euros, e prolongou os apoios até esta data.
Os apoios a fundo perdido foram direcionados para as empresas com contabilidade organizada, que registaram quebras de faturação superiores a 25%, tendo sido atribuídos dois mil euros às entidades com um volume de negócios anual for inferior a 100 mil euros, e cinco mil euros caso o volume de negócios se situe entre os 500 mil euros e um milhão de euros.
Por fim, a associação exige ao Governo que “encontre e inicie a implementação de uma solução adequadas para a questão aeroportuária, dado que 90% dos visitantes de Lisboa acedem ao destino por via aérea”.
“O prolongamento da crise pandémica está a colocar o tecido económico do Turismo em Lisboa em risco de colapso”, alerta a associação.
Em junho entrou em vigor o Plano “Reativar Turismo | Construir Futuro”, o qual contempla um investimento superior a seis mil milhões de euros, num conjunto de iniciativas dirigidas às empresas, aos turistas e aos residentes.
Com a pandemia a originar “impactos sem precedentes” a nível nacional, segundo refere o diploma, o Governo pretende adotar medidas – algumas já a ser aplicadas e outras em fase de estruturação – “que permitam, no imediato, dar resposta às necessidades do setor, assegurando a sobrevivência do tecido empresarial, em muitos casos composto por microempresas com uma capacidade quase nula de suportar dificuldades de tesouraria”, refere o diploma.
O plano prevê, simultaneamente, apoiar o setor na fase de retoma que se seguirá, “potenciando ainda mais o valor que o turismo pode aportar para a economia nacional, apoiando a execução da Estratégia Portugal 2030”.
Este plano, recorde-se, foi apresentado pelo ministro da Economia em maio, onde Pedro Siza Vieira se propôs a atingir 27 mil milhões de euros com o Turismo, a reduzir o índice de sazonalidade 36,3% para 33%, a aumentar a eficiência energética do setor e a chegar às 87 milhões de dormidas em 2027.
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, no mês paddado, em Peniche que já há sinais que levam a acreditar no futuro do setor após a crise provocada pela pandemia de covid-19.
“Estamos em condições de ganhar o futuro, já que o plano de vacinação decorre a bom ritmo e vão começar a ser emitidos os certificados digitais, o que permite viajar em segurança”, afirmou Francisco Calheiros, no encerramento do congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e de Eventos, que decorreu numa unidade hoteleira do concelho de Peniche, no distrito de Leiria.
O responsável considera que o turismo poderá recuperar e voltar a ser o setor mais exportador e mais competitivo do país.
O setor registou quebras de receitas superiores a 60% em 2019, recuando até valores de 1993, e quebras superiores a 80% nos primeiros dois meses deste ano, equivalentes às obtidas em 1974.
Em 2019, o setor registou 27 milhões de turistas e 70 milhões de dormidas.