Trump autorizou o assassinato de Soleimani há sete meses

Donald Trump autorizou a morte do general iraniano Qassem Soleimani há sete meses. De acordo com as autoridades, a diretiva presidencial veio com a condição de que Trump tivesse de dar a aprovação final em qualquer operação concreta para matar o general.

Esse facto explica o porquê do assassinato de Soleimani estar na lista das opções apresentadas pelos militares a Trump, para responderem a um ataque de procuradores iranianos no Iraque, que resultou na morte de um empreiteiro americano e em ferimentos em quatro membros do serviço.

O momento pode, contudo, prejudicar a justificação apresentada pelo Governo, de ordenar o ataque por drone dos EUA que matou Soleimani, em Bagdad. As autoridades afirmaram que o general iraniano, líder da Força Quds, da elite da Guarda Revolucionária Islâmica, planeava ataques iminentes sobre os americanos, tendo de ser travado.

Depois do Irão ter abatido um drone americano em junho do ano passado, John Bolton, conselheiro de segurança nacional de Trump, na época, pediu-lhe para retaliar, assinando uma operação para matar Soleimani. O secretário de Estado, Mike Pompeo, também concordava com a autorização do assassinato. Contudo, Donald Trump rejeitou a ideia, dizendo que apenas daria esse passo se o Irão matasse um americano.

As autoridades da comunidade de inteligência dos Estados Unidos acompanhavam os movimentos de Soleimani há anos, sugerindo a Trump, quando este assumiu o cargo de Presidente, que considerasse uma abordagem mais agressiva para com o general iraniano.

Já em 2007, a administração do Presidente George W. Bush, designou a Força Quds como uma organização terrorista, quatro anos depois a administração de Obama anunciou novas sanções contra Soleimani e outros três funcionários da Força Squds, de acordo com uma suposta conspiração  para assassinar o embaixador saudita nos Estados Unidos.

A ideia do assassinato de Soleimani surgiu em 2017, nas discussões tidas entre os funcionários do Governo, contudo ficou mais séria em abril de 2018, com a chegada de Bolton, defensor da mudança de regime no Irão, para substituir o conselheiro de segurança nacional da época, McMaster. Bolton acabou por sair em setembro desse mesmo ano.

Bolton ajudou a estimular Trump para que designasse todo o corpo da Guarda Revolucionaria Islâmica como uma organização terrorista estrangeira, contudo a Casa Branca não explicou se esse facto significava que os Estados Unidos passariam a ter como alvo os líderes da Guarda Revolucionária, bem como de outros grupos terroristas, nomeadamente a Al Qaeda.

O Irão, por sua vez, também retaliou ao designar as forças armadas americanas como uma organização terrorista, o que desencadeou um clima de crescente tensão e agressividade entre os dois países, desde que Trump tomou posse.

A eliminação dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão em 2018, por Trump, aumentou a pressão sobre a economia iraniana, com fortes sanções económicas – o Irão atacou os ativos militares dos EUA no Iraque, frequentemente.

Desde outubro que o Irão lançou mais de doze ataques com foguetes em bases americanas, o maior de todos ocorreu a 27 de dezembro quando o Hezbollah Kataib (milícia iraquiana que faz parte das Forças de Mobilização Popular, apoiada pelo Irão) lançou mais de 30 foguetes numa base iraquiana em Kirkuk, matando um empreiteiro americano e ferindo quatro militares norte-americanos.

Após o ataque, os Estados Unidos lançaram outros ataques aéreos contra cinco locais do Hezbollah Kataib, três no Iraque e dois na Síria.

Trump autorizou o assassinato de Soleimani, assim que os membros da milícia, apoiados pelo Irão, responderam aos ataques americanos, invadindo o complexo da Embaixada dos Estados Unidos, em Bagdad.

O Secretário da Defesa, Mark Esper, apresentou várias opções de resposta a Trump, incluindo a morte de Soleimani. Depois de estimarem o número de baixas associadas a cada opção, verificaram que matar o general iraniano envolveria menos vítimas.

O Irão respondeu ao assassinato de Soleimani atacando bases que abrigavam as forças americanas no Iraque, como nenhum ataque resultou na morte de um americano, Trump pareceu recuar, mas não por muito tempo, na passada sexta-feira o presidente dos EUA anunciou novas sanções contra o Irão.