Toma lá, dá cá: Meta de Zuckerberg faz doação ‘choruda’ de um milhão de dólares a Trump

A Meta, empresa-mãe do Facebook e Instagram, doou um milhão de dólares (cerca de 950 mil euros) ao fundo inaugural do Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcando uma viragem significativa numa relação previamente conturbada entre Trump e o CEO da empresa, Mark Zuckerberg. A informação foi confirmada pela Meta a vários meios de comunicação, após ter sido inicialmente reportada pelo The Wall Street Journal.

A relação entre Trump e Zuckerberg esteve longe de ser tranquila. Em janeiro de 2021, a Meta suspendeu Trump das suas plataformas, na sequência da insurreição no Capitólio, o que intensificou as tensões entre ambos. No livro publicado em setembro deste ano, Trump afirmou que Zuckerberg deveria “passar o resto da vida na prisão” caso interferisse nas eleições de 2024.

Apesar disso, a situação começou a mudar em novembro, quando Zuckerberg se encontrou com Trump na propriedade do ex-presidente em Mar-a-Lago, Florida. Este jantar privado parece ter assinalado um ponto de reconciliação, culminando na doação substancial da Meta ao fundo inaugural.

Um gesto inédito da Meta
Esta é a primeira vez que a Meta contribui para um fundo inaugural de Trump, para a tomada de posse. Em 2017, quando Trump assumiu a presidência pela primeira vez, a empresa não fez qualquer doação. O mesmo ocorreu em 2021, quando o fundo inaugural de Joe Biden também não recebeu apoio financeiro da Meta.

Os fundos inaugurais são tradicionalmente utilizados para financiar eventos e atividades associadas à posse de um novo presidente, sendo uma prática comum entre empresas e doadores individuais. A doação da Meta reflete um interesse renovado em alinhar-se com a nova administração, possivelmente para suavizar a relação com o futuro governo.

A aproximação de outros líderes tecnológicos
A Meta não é a única gigante tecnológica a procurar estreitar laços com Trump. Elon Musk, proprietário da plataforma X (antigo Twitter), foi um apoiante vocal do ex-presidente e está agora envolvido na transição presidencial, ajudando na criação do novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Sundar Pichai, CEO da Google, também felicitaram Trump pela vitória eleitoral, apesar de terem enfrentado divergências anteriores. Em outubro, Trump revelou que o CEO da Apple, Tim Cook, o contactou para discutir preocupações sobre penalizações financeiras impostas pela União Europeia.

Outro ponto de destaque foi a carta enviada por Zuckerberg em agosto a legisladores republicanos, onde expressou arrependimento pela forma como “pressões governamentais” durante a administração Biden levaram a Meta a censurar conteúdos relacionados com a pandemia de COVID-19. Esta declaração foi bem recebida por republicanos e pode ter contribuído para a reaproximação com Trump.

A ligação entre Zuckerberg e Trump ganhou novos contornos em julho, após uma tentativa de assassinato contra o presidente-eleito. Zuckerberg entrou em contacto com Trump para comentar o ocorrido, e mais tarde afirmou, num podcast, que considerava a resposta de Trump ao ataque “incrível”.

A doação milionária da Meta sinaliza uma mudança estratégica no relacionamento entre Zuckerberg e Trump, com potenciais implicações para a nova administração e para as políticas tecnológicas nos Estados Unidos. Este movimento não só reflete uma tentativa de reparar relações passadas, mas também destaca a importância das big techs no cenário político americano.