Tiro no pé? Trump arrasado pelos próprios apoiantes após anunciar que vacinas contra o cancro desenvolvidas com IA estão a caminho
A recente aprovação de um ambicioso projeto de inteligência artificial (IA) pelo presidente Donald Trump, durante o início do seu segundo mandato, gerou polémica dentro da própria base de apoio republicana. O anúncio de vacinas personalizadas contra o cancro, desenvolvidas com base em tecnologias avançadas de IA, despertou preocupações entre grupos conservadores, especialmente entre os opositores de vacinas.
O projeto, intitulado “Stargate”, foi descrito por Trump como o “maior projeto de infraestrutura de IA da história”. Este esforço, que representa uma parceria entre OpenAI, Oracle e SoftBank, destina-se a revolucionar áreas como a saúde pública e a detecção de doenças. De acordo com a Newsweek, o investimento inicial de 500 mil milhões de dólares irá não apenas criar mais de 100.000 empregos nos Estados Unidos, mas também desenvolver uma tecnologia capaz de identificar precocemente o cancro e criar vacinas personalizadas com base no mRNA.
“Este projeto irá salvar milhões de vidas em todo o mundo”, afirmou Trump durante a apresentação da iniciativa. Contudo, apesar do impacto potencial positivo na ciência e na saúde pública, parte do eleitorado republicano não partilhou do entusiasmo.
A resistência entre os apoiantes mais conservadores de Trump reflete a profunda desconfiança em relação às vacinas, exacerbada durante a pandemia da COVID-19. Conspiracionistas anti-vacinas consolidaram a sua influência dentro do Partido Republicano, especialmente em estados mais conservadores. Embora Trump tenha sido vacinado contra a COVID-19 e nunca tenha evitado a promoção de vacinas, o apoio explícito a um projeto baseado em mRNA foi recebido com críticas de parte da sua base.
Um utilizador na rede social X (anteriormente Twitter) escreveu: “Detesto ouvir falar de mRNA… É ridículo. Alguém tem de falar com Trump… Onde está RFK? Ele precisa de intervir e acabar com esta ideia absurda!”. Outro comentário acrescentava: “Trump ou não, as vacinas mRNA não serão aceites pela maioria. É tempo de parar de financiar uma ‘cura’ e concentrar-nos na causa.”
A controvérsia em torno das vacinas ganha ainda mais relevância devido à nomeação de Robert F. Kennedy Jr. como Secretário de Saúde dos Estados Unidos. Kennedy, conhecido pela sua postura vocalmente anti-vacinas, foi uma escolha inesperada para liderar um setor tão central no combate às doenças e na promoção de campanhas de vacinação.
Kennedy tem um longo histórico de críticas às vacinas e foi uma figura influente na disseminação de desinformação sobre imunizações. A sua inclusão no governo Trump levanta questões sobre a coerência da estratégia do presidente, uma vez que a promoção das vacinas contra o cancro contrasta diretamente com as posições de Kennedy.
Este episódio destaca as divisões internas entre os apoiantes de Trump e sublinha os desafios políticos enfrentados pelo presidente ao tentar equilibrar avanços científicos com as expectativas da sua base eleitoral.
Apesar das críticas, Trump continua a defender que o progresso científico não pode ser ignorado. “A ciência é o futuro, e os Estados Unidos liderarão o caminho para uma saúde mais avançada e acessível para todos”, declarou Trump numa entrevista recente.
O projeto “Stargate” marca um ponto de viragem no uso de IA na medicina, mas também coloca Trump numa posição delicada, tendo de enfrentar críticas tanto de opositores quanto de apoiantes que não compartilham da sua visão. Resta saber se a aposta na ciência será suficiente para manter o apoio necessário ao longo do seu segundo mandato.