Tensões em Taiwan escalam: Satélites dos EUA mostram navios de guerra chineses no Pacífico ocidental após exercícios militares

Satélites dos Estados Unidos identificaram uma frota de navios de guerra chineses em trânsito por uma importante via marítima no Pacífico ocidental, dias após a realização de exercícios militares em grande escala nas proximidades de Taiwan.

Os satélites Landsat 8 e Landsat 9, operados em conjunto pela NASA e pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, capturaram imagens na quinta-feira que mostram pelo menos três navios da marinha chinesa a navegar em direção norte através do Estreito de Miyako. Este estreito, localizado entre as ilhas de Miyako e Okinawa, no sudoeste do Japão, é uma passagem estratégica que liga o Mar das Filipinas, a leste, ao Mar da China Oriental, a oeste.

O Ministério da Defesa do Japão confirmou que seis navios de guerra chineses cruzaram o estreito na mesma direção, também na quinta-feira. As Forças de Autodefesa Marítima do Japão foram mobilizadas para monitorizar a movimentação das embarcações.

O Estreito de Miyako desempenha um papel crítico na estratégia militar da região. É considerado um portal de acesso para as forças navais e aéreas da China ao Pacífico mais amplo. Sob o conceito de defesa dos EUA conhecido como “primeira cadeia de ilhas,” o estreito integra uma barreira geoestratégica que se estende do Japão às Filipinas, passando por Taiwan, com o objetivo de conter a expansão militar chinesa.

Fontes citadas pela Newsweek indicam que a China realizou exercícios militares ao longo da sua costa leste, em frente a Taiwan, entre segunda e quarta-feira, mobilizando 90 navios nas águas ao redor da ilha. Estes exercícios visaram, pela primeira vez, toda a extensão da primeira cadeia de ilhas.

O Ministério da Defesa de Taiwan reportou que, nas 24 horas até às 6h de quinta-feira, 34 aeronaves e 16 navios militares chineses operaram nas proximidades da ilha, com 22 aeronaves cruzando a linha mediana do Estreito de Taiwan e entrando na zona de defesa aérea da ilha. Após o término dos exercícios, foi encerrado o centro de resposta de emergência ativado por Taiwan no início da semana, o que sugere o recuo das forças chinesas.

De acordo com fontes da Reuters, a China demonstrou sinais de retração, com os seus navios a deslocarem-se gradualmente para o norte.

Os exercícios militares chineses coincidiram com uma visita do Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, a aliados do Pacífico sul, com paragens em território norte-americano, incluindo o Havai e Guam. Pequim considera Lai um “separatista” e tem adotado uma postura firme contra qualquer ação que perceba como tentativa de reforçar a soberania de Taiwan.

No entanto, o Instituto Americano em Taiwan, que atua como embaixada de facto dos EUA na ilha, afirmou que as atividades militares chinesas não aparentam ser uma resposta direta à visita de Lai, mas sim consistentes com o nível de operações observadas durante outros grandes exercícios militares chineses.

Taiwan, uma ilha autogovernada, é vista por Pequim como parte do seu território, apesar de nunca ter estado sob controle do governo chinês. As crescentes atividades militares e manobras estratégicas da China na região intensificam as tensões com os EUA e os seus aliados, particularmente em áreas de importância geopolítica como o Estreito de Miyako e o Mar da China Oriental.