Tensão à direita: CDS franze o sobrolho à entrada da IL no Governo
A tensão política na direita portuguesa está em alta, com a possibilidade de a Iniciativa Liberal (IL) integrar um eventual Governo de coligação liderado pelo PSD, e com o CDS-PP (que foi parceiro na coligação pré-eleitoral da AD).
O debate acirrou-se após o comentário do conselheiro de Estado Luís Marques Mendes, que sugeriu que os liberais poderiam ocupar dois Ministérios. No entanto, a movimentação levanta questões tanto no seio da IL como entre os partidos tradicionais da direita.
Para alguns dirigentes do CDS-PP, a citados pelo Expresso, a entrada da IL no governo seria “estranhíssima”. Por sua vez, na IL, o momento é de expectativa, com o partido a manter uma postura de independência e recusando participar numa eventual Aliança Democrática (AD) com o PSD. A dúvida paira sobre se as declarações de Marques Mendes refletem um desejo de Luís Montenegro, líder do PSD, em uma estratégia de união da direita a médio prazo.
A liderança do PSD tem mantido silêncio desde as eleições, deixando os dirigentes sociais-democratas e os observadores políticos atentos a qualquer sinal vindo da São Caetano à Lapa. O comentário de Marques Mendes gerou especulações sobre uma possível estratégia do PSD, levando os partidos afetados a questionar se o conselheiro de Estado estava ou não a agir como porta-voz da direção do partido.
Tanto no CDS quanto na IL, evita-se discutir abertamente os cenários traçados por Mendes. Entretanto, a possibilidade de uma coligação para as eleições europeias é vista como mais relevante do que a participação da IL em um eventual governo. A IL tem sido clara a sua postura de autonomia, destacando que a sua relevância não está condicionada à participação num Governo, mas sim nas suas propostas e ideias.
Internamente, alguns membros da IL expressam críticas à postura considerada “ziguezagueante” do presidente do partido, Rui Rocha, em relação aos cenários pós-eleitorais.
No entanto, há quem aponte Rocha e Carlos Guimarães Pinto como possíveis nomes a ocuparem cargos de ministros num eventual governo de coligação do PSD, CDS-PP e IL. Enquanto Rocha expressou interesse na pasta das Infraestruturas, Guimarães Pinto é cogitado para a Modernização do Estado e Administração Pública.
O debate interno na direita portuguesa continua aceso, com os partidos e seus dirigentes a analisar cuidadosamente os próximos passos e as possíveis repercussões de uma eventual aliança entre PSD e IL. A decisão final vai redefinir a dinâmica política do país nos próximos anos.