Temperatura do planeta pode atingir ponto de não retorno em apenas 20 anos
As árvores são um dos maiores aliados na luta contra as alterações climáticas. Através da fotossíntese, absorvem cerca de 25% das emissões de carbono produzidas pelo homem, no entanto, esta tendência pode inverter-se num futuro muito próximo, segundo um estudo publicado na revista Science Advances, que prevê que as plantas deixarão de capturar metade destas emissões dentro de 20 a 30 anos, acelerando os efeitos do aquecimento global.
A Universidade de Waikato, na Nova Zelândia, juntou forças com a Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, para analisar os dados recolhidos nos principais ecossistemas do planeta durante 20 anos. A equipa de investigadores começou por descobrir que a temperatura máxima para a maioria das árvores é de 18 graus Celsius.
“O que acontece é que, até esta temperatura, a fotossíntese e a respiração funcionam em uníssono. Mas quando atingimos ou excedemos os 18º C, a fotossíntese começa a diminuir e a respiração começa a aumentar”, explica o biogeoquímico ambiental Louis Schipper, Universidade da Nova Zelândia, citado pelo El País.
Através da respiração, as plantas expulsam cerca de metade do dióxido de carbono que absorvem. Neste sentido, a investigação conclui que, a partir dos 18 graus, a maioria dos ecossistemas atinge um ponto limite e começa a emanar mais gases do que os que inala. Ou seja, as árvores deixam de captar as emissões e tornam-se fontes de carbono.
É a primeira vez que um estudo como este não utiliza modelos teóricos mas dados obtidos a partir da observação direta, obtida através de 100 dispositivos em todo o mundo. Os cientistas envolvidos na investigação não esperavam que as suas projeções chegassem à conclusão de que a temperatura atingiria um ponto de não retorno em apenas 20 a 30 anos.
“Quando vimos o gráfico que fizemos pensámos: ‘O mundo precisa de saber'”, recorda uma das investigadoras. “Muitos dos pontos de viragem de que ouvimos falar até agora, como a subida do nível do mar ou o derretimento da Gronelândia, deverão acontecer até ao final deste século. Mas este ponto de não retorno vai acontecer durante o nosso tempo, durante a nossa vida”, sublinhou.