Suspeito de corrupção na Operação Triângulo é um dos nomes da Maçonaria na lista de apoio a Gouveia e Melo

O Movimento de Apoio ao Almirante à Presidência (MAAP) formalizou esta terça-feira a sua constituição como associação, marcando o início oficial de uma estrutura que visa apoiar uma eventual candidatura do almirante Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República. Contudo, a presença de José Mateus, um membro da maçonaria acusado pelo Ministério Público (MP) de corrupção passiva, na cerimónia de formalização, tem levantado questões sobre as ligações do movimento.

O MAAP foi oficialmente constituído na presença de várias figuras ligadas à maçonaria e a outras organizações. Entre os participantes na cerimónia estiveram José Manuel Anes, antigo grão-mestre da Grande Loja Legal de Portugal, e Paulo Noguês, administrador da revista Segurança e Defesa, que também integram a comissão organizadora do movimento. A estrutura conta ainda com António Brás Monteiro, Cristina Valente e Manuel Ferreira como membros da mesma comissão.

O movimento defende que “Portugal precisa de líderes que coloquem o interesse nacional acima de qualquer agenda pessoal ou partidária, com visão estratégica e compromisso com o bem comum”, e compromete-se a trabalhar “com seriedade e responsabilidade” na construção de um futuro melhor para o país.

Entre os presentes na formalização encontrava-se José Mateus, membro da associação Círculo de Estratégia D. João II e figura envolvida em várias polémicas judiciais, segundo revela o Correio da Manhã. De acordo com o Ministério Público de Évora, Mateus desempenhou um papel central na Operação Triângulo, um caso em que é acusado de atuar em conluio com Conceição Cabrita, ex-presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, para facilitar a venda de terrenos municipais à empresa Saint Germain. Segundo o MP, o esquema visava garantir o pagamento de 100 mil euros a Cabrita.

Além deste caso, Mateus esteve envolvido no chamado Caso Ongoing, em 2012, quando a Polícia Judiciária apreendeu um relatório com informações pessoais sobre Francisco Pinto Balsemão, presidente do Grupo Impresa. Inicialmente suspeitou-se que o documento teria sido elaborado pelos serviços de informações, mas as investigações revelaram que José Mateus, proprietário da empresa Sete Estrelas, era o autor do relatório.

Apesar da p0olémi, o MAAP procura distanciar-sa, mantendo uma posição de reserva sobre os seus objetivos e atividades até que Henrique Gouveia e Melo formalize uma eventual candidatura. De acordo com fonte oficial do movimento, ainda não foi possível registar a associação com o nome do almirante devido a restrições legais.

Gouveia e Melo, antigo chefe do Estado-Maior da Armada, é amplamente apontado como um dos potenciais candidatos às eleições presidenciais de janeiro de 2026. Após concluir o seu mandato, passou à reserva, justificando que tal decisão lhe permite maior liberdade nos seus “direitos cívicos”. Embora tenha evitado confirmar ou negar a sua intenção de concorrer à Presidência, afirmou recentemente que o investimento em Defesa, tanto em Portugal como na Europa, deveria ser um tema central da campanha eleitoral.