Sondagem: Eleitores dos EUA acreditam que Trump vai fazer mais do que Biden, mas confiam menos no novo governo
Uma sondagem pós-eleitoral realizada pela Schoen Cooperman Research em parceria com a George Washington University revelou um paradoxo interessante entre os eleitores norte-americanos: Donald Trump, que conquistou um segundo mandato presidencial em novembro, é considerado mais eficaz do que Joe Biden para “fazer as coisas acontecerem”, mas a sua administração é menos confiável para partilhar informações precisas.
De acordo com o estudo, 40% dos eleitores acreditam que a administração de Trump será mais eficaz do que a de Biden, enquanto apenas 36% defendem o contrário. No entanto, 41% dos entrevistados afirmaram que confiam menos no governo de Trump para fornecer informações justas e precisas, em comparação com 29% que demonstram mais confiança.
Entre os eleitores independentes, o contraste é ainda mais evidente: 39% consideram que Trump será mais eficaz, mas 39% também dizem confiar menos no seu governo, em comparação com apenas 26% que demonstram maior confiança.
A sondagem sugere que a estratégia de campanha de Kamala Harris, a candidata democrata derrotada, foi mal direcionada. Harris centrou-se numa mensagem de valores, retratando Trump como “não confiável” e “perigoso”. Segundo os analistas políticos Douglas Schoen e Carly Cooperman, “os democratas apostaram na campanha errada”.
“Os eleitores procuravam um governo eficaz, e, nesse ponto, preferiram Donald Trump”, escreveram Schoen e Cooperman num artigo publicado no The Hill.
Promessas não cumpridas e críticas
Apesar da perceção de maior eficácia, a sondagem destaca que muitos eleitores continuam a criticar Trump por não cumprir promessas emblemáticas durante o seu primeiro mandato (2017-2021). Entre elas, a construção de um muro na fronteira sul dos EUA com financiamento do México, bem como a resposta ao surto de Covid-19, amplamente considerada ineficaz.
A sondagem também encontrou sinais de otimismo cauteloso entre os eleitores em relação ao segundo mandato de Trump. Uma pesquisa da CNN revelou que 54% dos eleitores esperam que Trump faça “um bom trabalho” ao regressar à Casa Branca, e 55% aprovaram a forma como conduziu a transição até ao momento.
Além disso, 68% acreditam que Trump trará mudanças ao país, o que reflete o apelo da sua mensagem como candidato da mudança, apesar de já ter ocupado a presidência anteriormente.
Biden e Harris: os desafios da narrativa
Joe Biden, que foi elogiado como um dos presidentes mais bem-sucedidos em termos legislativos desde Lyndon Johnson, viu a sua abordagem centrada na “alma da América” perder força. Em julho de 2024, Biden abandonou a corrida à reeleição, citando preocupações relacionadas com a idade e saúde, e endossou Kamala Harris como candidata democrata.
Harris inicialmente evitou a retórica de Biden sobre democracia e valores, mas acabou por retomar essa narrativa à medida que a campanha avançava. Em contraste, Trump concentrou a sua mensagem em questões como economia e imigração, que repetidas sondagens apontaram como prioridades para os eleitores.
A falta de confiança no governo foi também atribuída à crescente disseminação de desinformação e tecnologias como deepfakes. Cerca de 69% dos eleitores indicaram que a proliferação de informações falsas dificultou o acesso a notícias justas e verdadeiras durante a campanha, e 71% manifestaram preocupação com o papel dos deepfakes.
Enquanto os EUA se preparam para mais quatro anos de Trump na Casa Branca, os dados mostram uma nação dividida. Os eleitores apostam na sua eficácia para liderar, mas continuam desconfiados da sua administração, levantando questões sobre o impacto futuro desta desconfiança na política e no governo.