Sobrevalorização dos preços e sem habitação social: Imprensa internacional fala em verdadeira “bolha imobiliária” em Portugal

O mercado imobiliário português atravessa uma fase alarmante, com preços em ascensão contínua e uma sobrevalorização extrema que começa a preocupar analistas internacionais.

Quem o diz é o jornal espanhol ‘elEconomista’, que analisa que desde 2014, os preços das casas em Portugal aumentaram 133%, contrastando com um crescimento de apenas 36% em Espanha no mesmo período, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (BiS). O cenário é ainda mais grave quando se observa o aumento de 9,8% nos preços da habitação no terceiro trimestre de 2024, o maior desde 2022.

Este disparar nos preços, impulsionado pela escassez de oferta e pela procura externa, tem vindo a afastar os portugueses do sonho de ter casa própria.

O mesmo jornal revela que o valor médio da habitação em Portugal já ultrapassa os níveis das grandes cidades espanholas, mas com rendimentos significativamente inferiores. Em Lisboa, o metro quadrado pode atingir os 6.000 euros, enquanto o rendimento per capita no país ronda os 19.200 euros, bem abaixo dos 25.000 euros de média em Espanha.

A escassez de habitação social e o aumento das transações por estrangeiros, especialmente com o “visto gold”, têm contribuído para esta realidade. O mercado português tem sido impactado pela procura externa, que tem levado a flutuações bruscas nos preços. Além disso, os preços da habitação continuam a subir, e as previsões apontam para aumentos contínuos, mesmo após o fim do programa de “visto gold” anunciado em 2023.

De acordo com o economista Enrique Martínez García, do Federal Reserve Bank de Dallas, os preços desajustados da habitação em Portugal, combinados com a falta de acessibilidade, representam um risco de bolha imobiliária. O indicador de sobrevalorização do Banco Central Europeu (BCE) aponta para uma sobrevalorização de 20,8% no segundo trimestre de 2024, com alguns valores a atingirem os 32%, muito próximo dos níveis observados antes da crise de 2008.