Sob pressão dos EUA. Mercados enfrentam semana de “mais quedas e volatilidade”
Esta semana, no que aos mercados diz respeito, após seis meses sempre a subir, as quedas podem continuar e a volatilidade a aumentar.
Acaba por ser até saudável esta queda depois de uma subida de mais de 60% desde meados de março. A continuação das quedas até as eleições de Novembro poderá continuar uma vez que as sondagens dão a vitória a Joe Biden, o que teoricamente é pior para Wall Street.
Também a morte da juiz do Supremo Tribunal Ruth Ginsburg poderá levar a uma batalha política e a ofuscar de alguma forma as conversações entre democratas e republicanos no Senado para aprovar o novo plano de estímulo para o coronavírus de 2,2 biliões de dólares.
Em termos de calendário macroeconómico tivemos na segunda feira o PMI de serviços no Reino Unido, a decisão de taxa de juro por parte do RBA.
Hoje, terça-feira, o dia ficará marcado pelas declarações de Powell (Fed) e as minutas da FOMC estarão em destaque na quarta-feira.
Aumento das tensões comerciais sino-americanas
A semana passada interrompeu a queda semanal mais longa desde 2019, à medida que os investidores continuam a digerir as notícias sobre o aumento das tensões comerciais sino-americanas.
O facto da vacina contra o coronavírus não vir a estar disponível antes de abril de 2021 e a diminuição das expectativas de que um novo pacote de estímulo fiscal seja aprovado nos EUA.
As ações de maior capitalização (Microsoft, Apple, Netflix, Amazon e Facebook) superaram o S&P 500 e as de pequena capitalização e mais cíclicas foram as mais atingidas pela notícia de que uma vacina está mais longe do que se pensava inicialmente e pela notícia de que o presidente Donald Trump testou positivo para o coronavírus.
Várias empresas começaram a anunciar despedimentos e início de layoffs. A Allstate anunciou que planeia colocar em layoff 8% da sua força de trabalho, a American Air vai demitir 19 mil trabalhadores, a United Airlines vai dispensar 13.000 trabalhadores e a Disney está a considerar cortar cerca de 28 mil empregos. Se juntarmos a isto o facto da criação de emprego não agrícola (NFP) ter saído bastante abaixo do esperado (661k vs 850k exp.) e o ganho médio hora também ter subido menos que o esperado (0,1% vs 0,2% exp.), temos os ingredientes reunidos para mais quedas num horizonte próximo.
*Nuno Mello, Analista XTB