Separatistas moldavos pró-Rússia recusam gás da UE apesar dos avisos de crise humanitária
Centenas de milhares de pessoas na Transnístria, região separatista da Moldova, têm pela frente um inverno rigoroso sem aquecimento, depois da a liderança local apoiada pelo Kremlin ter recusado ofertas para garantir alternativas ao gás russo após o corte repentino do fornecimento no início deste ano, revelou esta sexta-feira o jornal ‘POLITICO’.
De acordo com uma carta da Tiraspoltransgaz da Transnístria, datada de quinta-feira, a região separatista rejeitou uma oferta dos seus pares na Moldova, que ofereceram apoio para comprar combustível do mercado europeu.
Na carta, assinada pelo diretor da Tiraspoltransgaz, Igor Lisachenko, a Moldovagaz da Moldova ofereceu-se para facilitar “a compra de gás de plataformas de gás europeias” para atender às necessidades locais. No entanto, a resposta diz que a transição para gás não russo “na verdade significa mudar de abastecimentos estáveis da Gazprom para compras em termos especulativos a preços muito mais altos e instáveis”.
Atualmente, a Transnístria não recebe gás nem da Rússia nem da Moldova, com as autoridades do Governo moldavo a garantirem que os líderes da região também recusaram ofertas de ajuda humanitária, incluindo geradores.
Recorde-se que o estado não reconhecido declarou independência da Moldova na década de 1990, suportado pelo apoio de mais de mil soldados russos estacionados lá: Moscovo, historicamente, enviava gás natural para o território gratuitamente, mas a empresa estatal de energia Gazprom encerrou as exportações no passado dia 1.
Como resultado, prédios de apartamentos e empresas em toda a região ficaram sem aquecimento e água quente, com os moradores a receberem instruções para isolar as suas casas conforme as temperaturas caem para abaixo de zero graus.
“Acho extraordinário que, dada a gravidade da crise, onde escolas e jardins de infância estão fechados e as pessoas estão a congelar nas suas casas, as autoridades em Tiraspol se recusem a aceitar a ajuda da Moldova”, indicou Aura Sabadus, investigadora sénior não residente do Centro de Análise de Política Europeia (CEPA), sediado em Washington.
“Em vez de trabalhar com as autoridades moldavas para encontrar a melhor solução para proteger a população neste momento tão difícil, eles preferem esperar pela ajuda russa, que pode ou não vir”, acrescentou. “As empresas moldavas provaram claramente que há soluções para resolver o problema, com o custo para trazer o gás calculado pelos moldavos em algo entre 20 e 45 milhões de euros para esta estação fria.”