Sem comida, sem banho e sob terror psicológico: quatro soldados reféns libertadas pelo Hamas contam sobre os 477 dias em Gaza

As quatro mulheres das Forças de Defesa de Israel (IDF) regressaram a Israel após meses de cativeiro nas mãos do Hamas e partilharam parte das suas experiências com os media israelitas, detalhando as circunstâncias difíceis durante os seus 477 dias em Gaza.

“Houve períodos em que não havia comida, quando as IDF atacavam perto, e era assustador. Mas apoiámo-nos e fortalecemo-nos”, indicaram as mulheres.

O grupo terrorista palestiniano fez uma ‘cerimónia’ na libertação no passado sábado, para deixar claro que o Hamas pretendia fazer algum tipo de demonstração da força do grupo e do controlo da situação. Segundo os relatos dos media hebraicos, as soldados disseram aos familiares que estavam determinadas a mostrar força e compostura durante a cerimónia, mesmo sabendo que o Hamas pretendia humilhá-las.

“Mostrámos-lhes no palco que não fomos afetadas”, garantiu uma das soldados à família e amigos. “Não teve impacto em nós. Somos mais fortes do que eles.” De facto, as quatro surgiram de mãos dadas, sorrindo e acenando para a multidão e para as câmaras.

No entanto, houve momentos difíceis durante os 477 dias de cativeiro: elas relataram que foram proibidas de dar as mãos ou chorar quando eram mantidas juntas. Não recebiam comida consistente e eram mantidas em condições insalubres, chegando a passar meses sem tomar banho.

Não foram mantidas juntas durante todo o cativeiro: algumas estiveram instaladas em apartamentos civis durante parte do tempo, já o resto do cativeiro foi passado em túneis. Quando chegou a hora da sua libertação, foram notificadas pouco antes e só então perceberam que Agam Berger não seria libertado com elas: um das soldados ofereceu-se para ficar com Berger, mas a pretensão foi recusada pelo Hamas.

Nas primeiras semanas em cativeiro, foram mantidas em apartamentos civis em Gaza, onde eram frequentemente forçadas a cozinhar e limpar para os seus captores, mesmo quando não recebiam comida para si mesmo – quando eram transferidas de um lugar para outro, eram disfarçadas de mulheres palestinianas, para evitar serem descobertas pelas forças israelitas.

As soldados relataram ter conhecido “pessoas muito importantes do Hamas” durante o cativeiro, sendo que os captores também usaram tortura psicológica contra elas, informando-as sobre o assassinato dos três reféns que foram baleados por engano pelas IDF. “Isto é o que acontecerá com aqueles que tentarem escapar.”

No entanto, apesar das suas condições, ocasionalmente ouviam transmissões de rádio ou viam transmissões da Al Jazeera TV que falavam das manifestações de reféns em Israel: elas sabiam que as suas famílias estavam a trabalhar pela sua libertação.

Durante o cativeiro, até aprenderam um pouco de árabe. Segundo a emissora pública ‘Kan’, enquanto foram tranferidas para um helicóptero da IDF para a viagem ao hospital, elas brincaram com os soldados, dizendo-lhes para falarem árabe para que pudessem entender.

Durante as libertações anteriores de reféns, em novembro de 2023, o Hamas teria dado drogas aos reféns para fazê-los parecer felizes e amigáveis ​​durante a entrega – até ao momento, não foi revelada qualquer informação de que os reféns libertados neste acordo tenham recebido drogas.