Sarkozy regressa a tribunal por suspeitas de alegado financiamento do regime de Gaddafi à sua corrida presidencial

Nicolas Sarkozy tornou-se, no passado dia 18, o primeiro ex-presidente francês em prisão domiciliária com pulseira eletrónica durante um ano, depois de ter sido condenado num caso de escutas telefónicas: mesmo assim, passou as férias de Natal nas Seychelles com a mulher Carla Bruni, uma vez que ainda não recebeu o dispositivo.

Esta segunda-feira, o ex-líder francês foi a julgamento no Tribunal de Paris, sob a acusação de ter recebido milhões de euros de financiamento ilegal do falecido homem forte da Líbia, Muammar Gaddafi, pela sua candidatura presidencial bem-sucedida em 2007: o antigo líder conservador enfrenta acusações de “ocultação de desvio de fundos públicos, corrupção passiva, financiamento ilegal de campanhas e conspiração criminosa com vista à prática de um crime”, informou a justiça francesa. Além do antigo chefe de Estado, 11 outros homens (incluindo três antigos ministros) estão a ser julgados.

A investigação ocorreu desde 2013, em que foram recolhidos vários testemunhos e documentos que indicaram que a candidatura do então líder da direita pós-gaullista recebeu mais de cinco milhões de euros do regime norte-africano. Sarkozy, de 69 anos, que foi condenado em dois outros casos (o de escutas telefónicas judiciais e o financiamento ilegal da sua campanha de 2012 através de faturas falsas), negou os factos, considerando a acusação “uma fábula”. E

O antigo líder dos tradicionais republicanos de direita enfrenta uma possível pena elevada. Poderá ser condenado a dez anos de prisão, cinco anos de inabilitação e multa de 375 mil euros. Especificamente, está a ser julgado pelos crimes de corrupção, financiamento ilegal, associação criminosa e desvio de fundos públicos.

O advogado de Sarkozy disse que o caso contra o ex-presidente era uma invenção e que não houve financiamento da campanha por parte da Líbia. “Depois de 10 anos de investigação, com uma utilização de recursos sem precedentes, escutas telefónicas, juízes a viajar para o estrangeiro, por todo o mundo, não há – obviamente – nenhum vestígio de financiamento, nenhuma transferência, nenhum pagamento, nem mesmo um montante para o alegado financiamento”, referiu o advogado Christophe Ingrain.