Sarampo: O que é, como se transmite e quais os sintomas? Veja os conselhos da DGS para a doença que preocupa a Europa
Os casos de sarampo dispararam em flecha entre 2022 e 2023, motivando a OMS a fazer um apelo global à vacinação e acompanhamento das infeções, para travar o crescimento de surtos. Num ano, os casos de infeção na Europa passaram de pouco mais de 900 para mais de 30 mil, e as autoridades de saúde apontam dedo ao facto de menos crianças terem sido vacinadas no período da pandemia da Covid-19
A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou já esta quarta-feira a existência de um caso importado de sarampo num homem de 54 anos, não residente em Portugal e sem ligação aos dois casos registados recentemente na região de Lisboa.
São assim já três os casos recentemente detetados, este último na região Norte do País, e o caso de uma pessoa que não estava vacinada contra a doença.
As autoridades de saúde, em comunicado, indicam que este último doente “está clinicamente bem e já não se encontra em período de infecciosidade”, sublinhando que o novo caso de sarampo “não tem ligação epidemiológica conhecida com os casos anteriores”.
Reforçado a necessidade de vacinação a DGS recomenda a verificação do boletim de vacinas e, caso necessário, receber a inoculação.
“Se esteve em contacto com um caso suspeito de sarampo e tem dúvidas, ligue para o SNS24. Se tem sinais ou sintomas sugestivos de sarampo evite o contacto com outros e ligue para
o SNS24” termina o comunicado.
O que é?
O sarampo é uma infeção provocada por um vírus e é uma das doenças infeciosas mais contagiosas. Transmite-se através de gotículas ou aerossóis. Normalmente é uma doença benigna e sem grandes complicações, mas em alguns casos pode revelar-se rave ou até fatal.
Tem um período de incubação que normalmente é de 10 a 12 dias, mas pode variar de 7 a 21 dias.
A que sintomas devo estar atento?
Inicialmente, febre igual ou acima de 38ºC, conjuntivite, corrimento nasal e tosse são comuns. Depois chegam as manchas de Koplik, pequenos ponto brancos na boca, e um par de dias depois as ‘famosas’ manchas na pele que caracterizam a doença (exantema maculopapular): primeiro na face, depois tronco e pernas.
As manchas vermelhas permanecem entre quatro a sete dias, fase depois da qual a pele descama. Nesta fase voltam as febres altas, associadas a cansaço extremo.
O sarampo é contagioso quatro dias antes de aparecerem as manchas, e quatro dias depois de ‘pintarem’ a pele do infetado.
Que complicações podem surgir?
O tratamento consiste em manter o doente confortável e aliviar os sintomas até que vão desaparecendo, ao fim de duas a três semanas. Os antibióticos não são eficazes, mas podem ser receitados para tratar infeções bacterianas secundárias, como uma otite, que possam surgir.
Podem surgir outras complicações associadas, como a referida otite, pneumonia, diarreia ou encefalite. Em casos raros, e ocorrendo anos depois da doença aguda, pode verificar-se panencefalite esclerosante subaguda, que é o resultado de uma infeção cerebral de longa duração com o vírus do sarampo.
As complicações são mais frequentes em crianças com menos de cinco anos e em adultos com mais de 20 anos.
A forma clássica de sarampo surge em indivíduos não vacinados e caracteriza-se por um quadro clínico que pode ser grave, dar azo a complicações e levar à morte. A contagiosidade destes casos é muito elevada. Em pessoas vacinadas, a doença apresenta um quadro clínico mais ligeiro e com muito baixa probabilidade de contágio. Esta forma da infeção é conhecida por sarampo modificado.
Tenho sintomas de sarampo. O que acontece de seguida?
Caso tenha sintomas de sarampo, o SNS24 recomenda:
– evite o contacto com outras pessoas para prevenir o contágio (até 4 dias após o início da erupção cutânea)
– deve realizar análises ao sangue, urina e secreções orais, cujos resultados são enviados para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) para confirmação ou não do diagnóstico de sarampo
– comunique aos profissionais de saúde quais as pessoas com quem contactou durante o período de contágio, para que possam ser sinalizadas.
O que devo fazer se tiver um contacto próximo com uma pessoa com sarampo?
Se teve contacto com uma pessoa com diagnóstico de sarampo deve ser vacinado, de preferência nas primeiras 72 horas pós-exposição, se aplicável. A administração de imunoglobulina é realizada se a vacina for contraindicada.
Nasci antes de 1970 e não tenho a certeza de ter tido sarampo. Devo ser vacinado?
Não é necessária a vacinação das pessoas que nasceram antes de 1970, exceto se houver exposição a casos de sarampo ou se for viajar para países onde existam casos de sarampo. Nesta situação deve ser administrada 1 dose de VASPR.
Todos os profissionais de saúde sem história credível de sarampo deverão ter 2 doses de vacina contra o sarampo, independentemente do ano de nascimento.
Nasci depois de 1970 e não sei se fiz a vacina contra o sarampo. Devo ser vacinado?
As pessoas nascidas depois de 1970, de idade igual ou superior a 18 anos, sem história credível de sarampo, devem ter, pelo menos, 1 dose de vacina contra o sarampo, administrada aos 12 meses de idade ou depois.
Todas as pessoas com menos de 18 anos de idade deverão ter 2 doses de vacina contra o sarampo.
Todos os profissionais de saúde sem história credível de sarampo deverão ter 2 doses de vacina contra o sarampo, independentemente do ano de nascimento.
Em caso de dúvida, contacte a sua unidade de saúde.
Após a vacina contra o sarampo quando começo a estar protegido?
Começa a estar protegido cerca de duas semanas após a administração da vacina.
Em Portugal pode ocorrer uma grande epidemia de sarampo?
Não há razões para temer uma grande epidemia de sarampo, uma vez que a larga maioria das pessoas está protegida. Ou seja,
a maioria das pessoas nascidas antes de 1970 está protegida por ter tido a doença
a maioria das pessoas nascidas depois de 1970 está protegida por ter sido vacinada
No entanto, durante um surto, algumas pessoas vacinadas poderão contrair a doença, por diminuição, ao longo do tempo, da proteção conferida pela vacina.
O sarampo em pessoas já vacinadas é mais ligeiro, a probabilidade de haver complicações clínicas é muito menor e o doente é menos contagioso para os outros.