Rússia poderá atacar a Alemanha com “meios especiais”, ameaçam aliados de Putin na TV russa
Declarações feitas no programa Evening with Vladimir Solovyov, transmitido no canal estatal russo Russia-1, voltaram a levantar tensões entre Rússia e Alemanha. Durante o programa, Vladimir Solovyov, conhecido propagandista do Kremlin e aliado de Vladimir Putin, mencionou a possibilidade de atacar Berlim utilizando “meios especiais”.
Num vídeo partilhado na rede social X (antigo Twitter) por Anton Gerashchenko, ex-vice-ministro do Interior da Ucrânia, Solovyov é visto a discutir o potencial uso de armas contra a capital alemã. “Podemos usar meios especiais, não mísseis Kalibr, mas meios especiais”, afirmou Solovyov, referindo-se a armamento cujo tipo não foi especificado. O apresentador acrescentou: “Não queremos usar meios especiais na nossa terra, em Vuhledar. Mas não sentimos pena de Berlim, por exemplo. Podemos atingi-la. Não é verdade? E sabemos muito bem o que é uma munição especial.
Attention, Germany!
Russian propagandists say Russia can hit Berlin with "special means".
"We haven't seen a special munition used in combat yet. But if the peacekeepers do show up, which is quite possible, the collective West will see the combat use of special weapons in all… pic.twitter.com/0Gci0lKbQV
— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) December 13, 2024
Embora não tenha especificado a natureza dos “meios especiais”, a implicação de armamento avançado ou até mesmo armas nucleares foi amplamente discutida por especialistas após a transmissão. Solovyov concluiu com um aviso: “Se quiserem enviar forças de paz, veremos. Não vamos brincar com eles.”
Um padrão de retórica agressiva
Esta não é a primeira vez que Solovyov faz declarações deste género. Em fevereiro deste ano, também no seu programa, afirmou: “Podemos destruir Berlim a partir de Kaliningrado.” A região de Kaliningrado, localizada entre a Polónia e a Lituânia, é o território russo mais próximo da Alemanha e tem uma presença militar significativa.
A antipatia de Solovyov por Berlim é recorrente. Em outubro de 2022, ele sugeriu que a Alemanha, eventualmente, existiria “sob a bandeira russa”. Mais recentemente, criticou o apoio militar alemão à Ucrânia, dizendo: “Não temos outra opção. Vamos terminar, vamos tomar Berlim novamente, e desta vez não sairemos.”
As declarações de Solovyov surgem num contexto de relações cada vez mais tensas entre Moscovo e Berlim. Recentemente, Friedrich Merz, político alemão e líder da União Democrata Cristã (CDU), visitou Kyiv, onde se encontrou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Após a reunião, Merz declarou apoio total à Ucrânia, sublinhando no X: “Amigos. Aliados. Parceiros. Faremos tudo para apoiar a Ucrânia na sua defesa. Pela liberdade. Pela paz. Pelo povo da Ucrânia.”
O chanceler alemão Olaf Scholz também reforçou o compromisso de Berlim com a Ucrânia numa visita recente ao país. Scholz publicou na rede social: “A minha mensagem de Kyiv para Putin: Estamos nisto a longo prazo. O nosso apoio à Ucrânia não vacilará. Estaremos ao lado do povo ucraniano – pelo tempo que for necessário.”
A Alemanha tem sido um dos principais aliados da Ucrânia desde o início do conflito em fevereiro de 2022. Este ano, Berlim já forneceu 7,1 mil milhões de euros em ajuda no âmbito de uma iniciativa de capacitação de segurança, somando-se aos 6,6 mil milhões de euros enviados em 2022 e 2023. Além disso, mais de 10.000 soldados ucranianos receberam treino militar na Alemanha, consolidando o papel central de Berlim no apoio militar à Ucrânia.