Rússia poderá atacar a Alemanha com “meios especiais”, ameaçam aliados de Putin na TV russa

Declarações feitas no programa Evening with Vladimir Solovyov, transmitido no canal estatal russo Russia-1, voltaram a levantar tensões entre Rússia e Alemanha. Durante o programa, Vladimir Solovyov, conhecido propagandista do Kremlin e aliado de Vladimir Putin, mencionou a possibilidade de atacar Berlim utilizando “meios especiais”.

Num vídeo partilhado na rede social X (antigo Twitter) por Anton Gerashchenko, ex-vice-ministro do Interior da Ucrânia, Solovyov é visto a discutir o potencial uso de armas contra a capital alemã. “Podemos usar meios especiais, não mísseis Kalibr, mas meios especiais”, afirmou Solovyov, referindo-se a armamento cujo tipo não foi especificado. O apresentador acrescentou: “Não queremos usar meios especiais na nossa terra, em Vuhledar. Mas não sentimos pena de Berlim, por exemplo. Podemos atingi-la. Não é verdade? E sabemos muito bem o que é uma munição especial.

Embora não tenha especificado a natureza dos “meios especiais”, a implicação de armamento avançado ou até mesmo armas nucleares foi amplamente discutida por especialistas após a transmissão. Solovyov concluiu com um aviso: “Se quiserem enviar forças de paz, veremos. Não vamos brincar com eles.”

Um padrão de retórica agressiva
Esta não é a primeira vez que Solovyov faz declarações deste género. Em fevereiro deste ano, também no seu programa, afirmou: “Podemos destruir Berlim a partir de Kaliningrado.” A região de Kaliningrado, localizada entre a Polónia e a Lituânia, é o território russo mais próximo da Alemanha e tem uma presença militar significativa.

A antipatia de Solovyov por Berlim é recorrente. Em outubro de 2022, ele sugeriu que a Alemanha, eventualmente, existiria “sob a bandeira russa”. Mais recentemente, criticou o apoio militar alemão à Ucrânia, dizendo: “Não temos outra opção. Vamos terminar, vamos tomar Berlim novamente, e desta vez não sairemos.”

As declarações de Solovyov surgem num contexto de relações cada vez mais tensas entre Moscovo e Berlim. Recentemente, Friedrich Merz, político alemão e líder da União Democrata Cristã (CDU), visitou Kyiv, onde se encontrou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Após a reunião, Merz declarou apoio total à Ucrânia, sublinhando no X: “Amigos. Aliados. Parceiros. Faremos tudo para apoiar a Ucrânia na sua defesa. Pela liberdade. Pela paz. Pelo povo da Ucrânia.”

O chanceler alemão Olaf Scholz também reforçou o compromisso de Berlim com a Ucrânia numa visita recente ao país. Scholz publicou na rede social: “A minha mensagem de Kyiv para Putin: Estamos nisto a longo prazo. O nosso apoio à Ucrânia não vacilará. Estaremos ao lado do povo ucraniano – pelo tempo que for necessário.”

A Alemanha tem sido um dos principais aliados da Ucrânia desde o início do conflito em fevereiro de 2022. Este ano, Berlim já forneceu 7,1 mil milhões de euros em ajuda no âmbito de uma iniciativa de capacitação de segurança, somando-se aos 6,6 mil milhões de euros enviados em 2022 e 2023. Além disso, mais de 10.000 soldados ucranianos receberam treino militar na Alemanha, consolidando o papel central de Berlim no apoio militar à Ucrânia.