Rússia já terá ultrapassado limite de armas nucleares definido no tratado New START, alertam EUA
O governo dos Estados Unidos alertou, num relatório enviado ao Congresso na semana passada, que o número de ogivas nucleares russas implantadas “pode ter ultrapassado” os limites estabelecidos por um tratado de controlo de armas. O aviso surge num contexto de crescente tensão e desconfiança entre as duas potências nucleares.
Em 2010, os EUA e a Rússia assinaram o tratado de redução de armas nucleares New START, um acordo bilateral que entrou em vigor no ano seguinte e está programado para expirar em fevereiro de 2026. O tratado estipula que ambos os países limitem o número de ogivas nucleares implantadas a um máximo de 1.550.
No entanto, o presidente russo Vladimir Putin suspendeu a participação da Rússia no tratado há dois anos, o que levantou preocupações sobre a adesão de Moscovo aos seus compromissos internacionais.
De acordo com um relatório do Departamento de Estado dos EUA, divulgado na última sexta-feira, há uma “alta confiança” de que, embora a Rússia não tenha realizado atividades em larga escala acima do limite do tratado no ano passado, pode ter ultrapassado o limite de ogivas implantadas durante partes de 2024. O documento classifica esta situação como uma “preocupação séria de conformidade”.
O relatório também concluiu que, apesar das violações, não há atualmente um “desequilíbrio estratégico” entre os EUA e a Rússia que comprometa os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos.
Dados mais recentes e implicações
A última atualização disponível da Rússia, em setembro de 2022, indicava a posse de 1.549 ogivas nucleares implantadas, apenas uma abaixo do limite do tratado. No mesmo período, os EUA possuíam 1.420 ogivas nucleares implantadas, número que se manteve estável até março de 2023. No entanto, os EUA deixaram de fornecer dados atualizados após essa data, como uma medida de retaliação contra as violações russas do tratado.
Em setembro de 2023, o arsenal nuclear americano consistia em 3.748 ogivas operacionais e não operacionais, de acordo com dados do Departamento de Energia dos EUA.
Em comunicado, o Departamento de Estado dos EUA destacou: “A não conformidade da Federação Russa com o Tratado New START sublinha ainda mais a importância vital de manter e modernizar um dissuasor nuclear dos EUA seguro, seguro e eficaz, além de alcançar uma empresa de segurança nuclear resiliente e adaptável.”
Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin afirmou em 21 de fevereiro de 2023: “Tenho de dizer hoje que a Rússia está a suspender a sua participação no New START. Repito, não se retirando do tratado, mas apenas suspendendo a sua participação.”
Com o tratado New START a aproximar-se do seu fim, ainda não está claro se o Kremlin estará disposto a negociar um novo acordo de controlo de armas com os Estados Unidos. Ambos os países estão, no entanto, a modernizar as suas forças nucleares, o que aumenta a urgência de um diálogo eficaz para evitar uma nova corrida armamentista.