Rússia já está a “imprimir” dinheiro: Guerra na Ucrânia está a custar caro a Putin

A Rússia atingiu um ponto crítico na sua economia esta semana, após uma série de decisões arriscadas que envolvem o uso de “impressão de dinheiro” para financiar diretamente o governo.

Esta prática, normalmente associada ao aumento da inflação, tornou-se uma realidade no país devido à pressão das sanções ocidentais, o custo elevado da guerra na Ucrânia e a estagnação dos preços do petróleo, explica o ‘elEconomista’.

Na quarta-feira, o Tesouro russo emitiu títulos no valor de um bilião de rublos, que os bancos compraram apesar da falta de liquidez. Seguindo-se a esta operação, na segunda-feira, o Banco Central da Rússia (BCR) usou uma ferramenta conhecida como ‘repo’, recomprando os títulos adquiridos pelos bancos e fornecendo-lhes liquidez. Esta operação acabou por resultar na compra indireta de títulos do Tesouro pelo BCR, uma medida que pode aumentar a inflação de forma insustentável.

O país tem sofrido com o impacto das sanções ocidentais, incluindo a recente exclusão do Gazprombank da lista de entidades isentas de sanções, e com o rublo em queda acentuada, superando as 100 unidades por dólar. Além disso, a queda do preço do petróleo, abaixo dos 70 dólares por barril, resultou numa diminuição das receitas provenientes das exportações de gás e petróleo em cerca de 30%.

A guerra na Ucrânia tem custado caro à economia russa. O recrutamento massivo de soldados, com um valor médio de 50 mil euros para os alistados, e os custos com o tratamento de feridos, têm sobrecarregado o orçamento do governo. Com mais de 700 mil russos mortos ou feridos desde o início da invasão, o governo tem sido forçado a reduzir pensões e aumentar os salários no setor privado para tentar compensar a falta de mão-de-obra. No entanto, isso tem impulsionado a inflação, que já atinge 9% ao ano, com a inflação alimentar ultrapassando os 22%.

O Banco Central russo foi forçado a aumentar as taxas de juro para 21%, mas essa medida tem tido um efeito contrário, pressionando ainda mais as empresas e aumentando a dívida do governo. A situação económica é cada vez mais insustentável e recorda a crise económica enfrentada pelos Estados Unidos e Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, quando foram tomadas medidas de racionamento e aumento de impostos para evitar uma crise mais profunda. No entanto, o presidente Vladimir Putin não está disposto a aplicar tais medidas, preferindo permitir que a inflação dispare.