Rússia está a cair em bancarrota. Empresas estão à beira falência empurradas pelas altas taxas de juro

A economia russa enfrenta uma pressão crescente, com um número significativo de empresas à beira da falência devido às altas taxas de juros. Segundo o Centro de Análise Macroeconómica e Previsão de Curto Prazo (CMASF), ligado ao governo russo, uma em cada cinco empresas do setor de manufatura já está a comprometer dois terços dos lucros antes dos impostos para cobrir dívidas.

Este cenário resulta diretamente da taxa de juro básica de 21%, a mais elevada em duas décadas, implementada pelo Banco Central da Rússia (CBR) para conter a inflação, como conta a ‘Newsweek’.

O relatório do CMASF mostra que, até ao final de 2024, cerca de 20% das empresas russas terão pagamentos de juros em níveis considerados “arriscados”. A taxa de inflação, atualmente em 9,5%, mantém-se bem acima da meta do banco central, dificultando ainda mais a situação das empresas.

Vasily Astrov, economista do Instituto de Estudos Económicos Internacionais de Viena, alertou sobre o “perigo real” de um aumento generalizado nas falências no país, e explicou que metade das empresas russas dependem de dívidas com taxa de juro variável, o que aumentou significativamente as necessidades de refinanciamento. “Quanto mais tempo as taxas de juros altas persistirem, maior será o impacto em termos de inadimplência de crédito”, explicou, de acordo com a mesma fonte.

Diversos setores estão em dificuldades, incluindo a indústria do carvão, empregas gestoras de centros comerciais, construtoras de estradas, companhias aéreas e empresas de tecnologia da informação. A combinação de sanções internacionais, queda nos preços globais de recursos e aumento dos custos de empréstimos agrava o panorama.

De acordo com o CMASF, os pedidos de novos empréstimos para setores-chave da economia caíram até 50% nos últimos dois meses de 2024. Além disso, muitas empresas estão a optar por investir em depósitos bancários ou títulos sem risco, em vez de pagar fornecedores, o que levou a um aumento significativo nas inadimplências.

Embora o relatório do CMASF tenha apontado para um crescimento do PIB de até 4%, indicou que este número mascara o estagnado crescimento real da produção. A continuação da guerra na Ucrânia e os gastos militares recordes levantam dúvidas sobre a sustentabilidade financeira do país.