Rússia criou plano para assassinar líder de produção de armas na Europa, revela NATO

Um alto responsável da NATO confirmou a existência de um plano russo para assassinar Armin Papperger, presidente executivo da Rheinmetall, a maior fabricante de armamento da Alemanha. Este esquema foi desmantelado graças à colaboração entre os serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Alemanha, num esforço coordenado que visou travar uma série de ações de sabotagem e ataques planeados contra líderes da indústria de defesa na Europa.

A confirmação foi dada por James Appathurai, Secretário-Geral Adjunto da NATO para Inovação, Híbrido e Ciber, durante uma audição no Parlamento Europeu sobre guerra híbrida. Esta foi a primeira vez que um alto representante da NATO, da Alemanha ou dos Estados Unidos reconheceu publicamente a tentativa de assassinato de Papperger, que já tinha sido alvo de cobertura mediática em julho de 2024.

Segundo Appathurai, este plano não foi um caso isolado, mas sim parte de uma campanha mais ampla de sabotagem conduzida pela Rússia em países da NATO. “Assistimos a incidentes de sabotagem nos países da NATO ao longo dos últimos anos. Isso inclui o descarrilamento de comboios, atos de incêndio, ataques a propriedades de políticos e planos de assassinato de líderes da indústria, como o caso do chefe da Rheinmetall, amplamente conhecido, mas houve outros planos também”, afirmou o responsável da NATO.

Appathurai explicou que a Rússia utiliza métodos diversificados para recrutar agentes para estas ações, muitas vezes recorrendo a redes criminosas, jovens inconscientes do propósito real ou migrantes. Embora classificasse estas operações como “rudimentares,” enfatizou que o objetivo é claro: “Criar inquietação para enfraquecer o apoio à Ucrânia.”

Os aliados ocidentais têm apoiado consistentemente a Ucrânia com armas e assistência militar desde o início da invasão em grande escala liderada pelo presidente russo, Vladimir Putin. De acordo com Appathurai, a estratégia russa baseia-se em alcançar vitórias políticas e desestabilizar os seus adversários, utilizando todas as ferramentas ao seu dispor, incluindo danos à infraestrutura crítica e interferência política.

Durante a sua intervenção, Appathurai apelou à Europa para adotar uma postura mais proativa, afastando-se daquilo que descreveu como uma “mentalidade de rã em água a ferver.” Esta metáfora refere-se ao perigo de ignorar ameaças até que seja tarde demais.

Appathurai reiterou as palavras do Secretário-Geral da NATO, Mark Rutte, que, num discurso proferido em dezembro de 2024, sublinhou a necessidade de adotar uma “mentalidade de guerra” para lidar com a escalada de campanhas de desestabilização.

“O secretário-geral afirmou no seu primeiro discurso que precisamos de uma mentalidade de guerra, inclusive porque há uma campanha contínua e crescente de destabilização contra todos os nossos países, incluindo sabotagem,” disse Appathurai ao POLITICO após a audiência no Parlamento Europeu.