Rússia alerta que Europa vai “pagar o preço” pelo corte de gás na Ucrânia

A Rússia garantiu que a Europa “vai pagar o preço” pela decisão da Ucrânia de deixar expirar o acordo de trânsito de gás com a Gazprom, salientando que foi influenciada pelos Estados Unidos.

“O término do fornecimento de energia russa competitiva e ecologicamente correta não apenas enfraquece o potencial económico da Europa, mas também tem o impacto mais negativo no padrão de vida dos cidadãos europeus”, destacou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.

“Vamos enfatizar: as autoridades de Kiev decidiram parar de bombear combustível azul da Rússia para residentes de países europeus, apesar da Gazprom cumprir as suas obrigações contratuais… Agora, outros países da União Europeia, antes economicamente bem-sucedida e independente, terão de pagar o preço pelo patrocínio americano”, indicou a responsável russa.

O fim do último acordo de trânsito, que viu o gás fluir da Rússia para a Europa via Ucrânia, pode impactar significativamente a economia russa, que ainda depende fortemente das exportações de energia. Embora não interrompa totalmente o transporte de gás russo para o Velho Continente, que ainda pode fluir pelo gasoduto TurkStream e através de remessas de gás natural liquefeito (GNL), a medida custará à Gazprom cerca de 5 mil milhões de dólares anualmente, salientou a agência ‘Reuters’.

Após o lançamento da invasão em grande escala da Rússia em 2022, o gás continuou no entanto a fluir para a Europa através da Ucrânia como resultado do acordo de 2019. Mas, numa cimeira em Bruxelas em dezembro último, Volodymyr Zelensky prometeu acabar com esse acordo, afirmando que a Ucrânia “não permitirá que a Rússia ganhe milhões adicionais com o nosso sangue”.

Durante o conflito, os membros da União Europeia também tentaram reduzir a sua dependência de combustíveis fósseis da Rússia, contribuindo para a crise energética de 2022. A iniciativa REPowerEU, lançada em maio de 2022, teve como objetivo “eliminar gradualmente as importações de combustíveis fósseis da Rússia” através da diversificação de abastecimentos e, ao mesmo tempo, acelerar a mudança em direção à energia limpa. Como resultado, a União Europeia alegou que a última decisão de Kiev não afetará drasticamente o fornecimento de gás ao continente.