Retorno ao escritório ou flexibilidade? O dilema das empresas no novo cenário laboral

Num contexto em que muitas empresas voltam a exigir o regresso dos seus colaboradores ao escritório, a Robert Walters destaca o impacto dessa mudança no panorama laboral. O retorno ao ambiente presencial surge num momento de mudança nos modelos de trabalho, com um conflito evidente entre a flexibilidade exigida pelos colaboradores e a pressão para retomar a dinâmica tradicional de escritório.

Nos últimos anos, a forma como conciliamos o trabalho e a vida pessoal sofreu uma transformação significativa. Modelos como o work-life balance evoluíram para alternativas mais fluídas, como o work-life integration e, mais recentemente, o work-life blended. Este último destaca-se por propor uma fusão mais profunda entre as esferas profissional e pessoal, integrando-as de forma contínua e adaptável.

Contudo, a recente pressão para o retorno ao escritório é um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas e colaboradores. Embora as organizações acreditem que o trabalho presencial seja fundamental para promover a colaboração e aumentar a produtividade, muitos colaboradores consideram essa exigência um retrocesso, especialmente os que já adaptaram o trabalho remoto às suas vidas diárias.

O conflito entre o modelo work-life blended e a exigência de presença no escritório é visível. Para os trabalhadores, a grande vantagem do trabalho remoto ou híbrido é a flexibilidade que oferece, algo que muitos consideram essencial para equilibrar suas necessidades pessoais e profissionais.

“É importante ouvirmos quais são as necessidades dos trabalhadores, sendo que 50% não se sente confortável com o retorno ao modelo presencial total. A grande maioria quer continuar com algum grau de trabalho remoto ou híbrido e é necessário que as chefias tenham isso em consideração se quiserem continuar a fazer crescer a sua organização”, disse David Ferreira, Country Head Portugal da Robert Walters.

Outro ponto de tensão importante é a relação entre produtividade e presença física. Embora algumas empresas argumentem que o trabalho remoto compromete o desempenho das equipas, estudos indicam que o modelo híbrido ou remoto pode, na verdade, aumentar a produtividade, especialmente devido ao melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

A resistência ao retorno ao escritório é mais pronunciada entre os mais jovens, com 61% dos trabalhadores da geração millennial e 55% da geração Z preferindo modelos remotos ou híbridos. Esta tendência tem levado algumas empresas a adotar modelos híbridos, enquanto outras mantêm a exigência do trabalho presencial, especialmente em setores que necessitam de interação física constante.

As organizações que conseguirem adotar uma abordagem flexível e híbrida estarão mais bem posicionadas para atrair e reter talentos, promovendo um ambiente de trabalho saudável e adaptável às novas exigências das gerações mais jovens. A chave para o sucesso será a capacidade de se adaptar às novas realidades do trabalho, conciliando a necessidade de colaboração física com a flexibilidade que os colaboradores valorizam.