Relógio do Apocalipse será ajustado hoje: A quantos segundos está a Humanidade mais perto da destruição?
Hoje, às 15h00 (horário de Lisboa), será revelada a nova posição do Relógio do Apocalipse ou do Juízo Final, um símbolo que reflete o quão perto a humanidade está de uma catástrofe global. Criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atómicos, este relógio é ajustado anualmente para indicar o risco de destruição provocado por crises humanitárias, ambientais e tecnológicas.
No ano passado, o ponteiro permaneceu fixo em 90 segundos para a meia-noite – a posição mais próxima já registada, representando um “tempo de perigo sem precedentes”. Agora, face a crises como a guerra na Ucrânia, os conflitos no Médio Oriente, a crise climática e o avanço da inteligência artificial (IA), especialistas especulam que o relógio poderá ser ajustado ainda mais perto da meia-noite.
A atualização será transmitida ao vivo no canal do YouTube e no site do Boletim dos Cientistas Atómicos. Entre os palestrantes estão Juan Manuel Santos, vencedor do Prémio Nobel da Paz, e Daniel Holz, físico e membro do Conselho de Segurança e Ciência do boletim. O evento, que começa às 15h00, contará com análises sobre as principais ameaças globais que influenciam o ajuste do relógio.
“A decisão deste ano considera a proliferação de armas nucleares, os avanços disruptivos em tecnologias como a IA, os conflitos na Ucrânia, a guerra Israel-Hamas, a crise climática e as ameaças biológicas”, explica o boletim no seu site oficial.
O Relógio do Juízo Final não é um dispositivo funcional, mas um marcador simbólico. Cada ajuste é acompanhado de um modelo físico exposto na Universidade de Chicago. Desde a sua criação, o relógio tem servido como um alerta para a necessidade de ação coordenada para prevenir desastres de escala global.
Nos últimos anos, os cientistas destacaram o aumento das tensões nucleares e a incapacidade de governos de todo o mundo em responder eficazmente à crise climática. Em 2023, por exemplo, a guerra na Ucrânia e as ameaças nucleares da Rússia foram fatores determinantes para manter os ponteiros a 90 segundos da meia-noite.
Especialistas divididos sobre a atualização
Alicia Sanders-Zakre, coordenadora de política e pesquisa na Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, acredita que o relógio será ajustado mais perto da meia-noite. “As ameaças nucleares aumentaram devido às guerras no Médio Oriente e na Ucrânia, onde estados com armamento nuclear fizeram ameaças explícitas e implícitas”, afirmou ao MailOnline.
Daniel Post, professor de estratégia na Universidade de Brown, partilha uma visão similar. “Não vejo motivos para afastar os ponteiros da meia-noite. Os riscos que colocaram o relógio na posição atual continuam a agravar-se”, disse, apontando para a situação desesperante na Ucrânia e possíveis alterações nas políticas dos EUA com a administração de Donald Trump.
Por outro lado, SJ Beard, investigador no Centro para o Estudo de Riscos Existenciais da Universidade de Cambridge, acredita que os ponteiros permanecerão nos 90 segundos. “Não vejo mudanças significativas em relação ao ano passado. O cenário global é igualmente sombrio”, argumentou.
Em contraste, Dimitris Drikakis, professor de engenharia na Universidade de Nicósia, sugere que o relógio deveria ser recuado. “Haverá esforços substanciais para mitigar as ameaças graças a acordos diplomáticos e avanços tecnológicos”, afirmou.
O momento mais distante da meia-noite foi em 1991, quando o relógio marcou 17 minutos para a meia-noite, após o fim da Guerra Fria e a assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas entre os EUA e a União Soviética. No entanto, desde então, os ponteiros têm avançado continuamente, refletindo o agravamento dos riscos globais.
Com o relógio atualmente no ponto mais próximo da meia-noite, a revelação de hoje poderá trazer um aviso ainda mais sombrio. Este ajuste não apenas simboliza o perigo iminente, mas também apela a ações concretas para enfrentar as ameaças que colocam a humanidade à beira do colapso.
O mundo aguarda com expectativa os resultados da atualização deste símbolo crucial e o impacto que terá na perceção dos riscos globais e nas políticas internacionais.