Refinaria de lítio da Galp e Northvolt está com atraso de 2 anos. Maior fábrica de Europa só deverá funcionar em 2028

A maior fábrica de lítio da Europa, um projeto conjunto entre a Northvolt, fabricante de baterias sueca, e a Galp, está a enfrentar um atraso de dois anos no seu cronograma inicial. A joint venture, anunciada em 2021, tinha como objetivo começar a processar 52 mil toneladas de hidróxido de lítio por ano até 2026, suficiente para produzir baterias para substituir 650 mil veículos de combustão interna. No entanto, a produção foi adiada para 2028.

Segundo um relatório do Banco Europeu de Investimento (BEI), divulgado em março, citado pela plataforma Sifted, o banco está a considerar um investimento de 825 milhões de euros para a instalação em Portugal, embora o último relatório anual da Northvolt não mencione uma nova data oficial para o início da produção.

A Galp afirmou, em comunicado ao Sifted, que continua comprometida com o projeto, conhecido como Aurora. Contudo, a incerteza no acesso a subsídios nacionais e europeus, bem como dificuldades na previsão de fornecimento de lítio de origem portuguesa, estão entre os fatores que têm prejudicado os prazos.

Inicialmente, o projeto pretendia garantir financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que apenas apoia iniciativas com início de produção até ao final de 2026. Face ao adiamento dos cronogramas, a solicitação de financiamento foi retirada.

O desenvolvimento da refinaria Aurora, que deverá custar aproximadamente 700 milhões de euros, seria financiado pela Galp e pela Northvolt, com a empresa sueca a procurar também financiamento externo. Contudo, as recentes dificuldades têm colocado pressão adicional sobre o projeto.

O projeto Aurora é parte da estratégia da Northvolt para garantir uma cadeia de abastecimento de baterias na Europa, evitando a dependência de outros continentes, como a China, onde a maior parte do lítio extraído na América do Sul e Austrália é processado. O lítio é um componente essencial na produção de baterias para veículos elétricos, e a sua oferta global tem sido alvo de uma intensa competição entre empresas.

O futuro da fábrica de lítio em Portugal agora depende da decisão do BEI, cujo financiamento pode ser crucial para o avanço do projeto.