Reestruturação da Amorim Cork Flooring leva à saída de mais de 100 trabalhadores

A reestruturação da unidade de negócios de pavimento da Corticeira Amorim, anunciada em maio, levou à saída por mútuo acordo de mais de uma centena de trabalhadores, até ao momento, disse hoje à Lusa a Comissão de Trabalhadores.

Segundo o representante da Comissão de Trabalhadores da empresa e dirigente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN), Manuel Fernando, o número de trabalhadores que chegaram a acordo com a Amorim Cork Flooring para a sua saída, no âmbito de uma reestruturação anunciada em maio deste ano, já ultrapassou a centena, abrangendo profissionais “quer a nível administrativo, quer a nível de pessoal fabril”.

Manuel Fernando disse que o processo ainda não está concluído e, por isso, este número pode aumentar.

“Nós agora temos outro problema, que é […] lembraram-se, ao fim de mais de 20 anos, pela nossa saúde, que iam fixar os turnos, porque isso implica um pagamento só de 25% nas horas noturnas, quando os turnos rotativos implicavam o pagamento de 50% nas horas noturnas, além dos 5% nas horas diurnas”, adiantou o representante dos trabalhadores.

Manuel Fernando acusou, assim, a empresa de ter comprado a saída de mais de 100 trabalhadores e agora os que ficam “vão ter de pagar os despedimentos desta forma”, relatando casos em que a perda salarial devido à fixação dos turnos supera os 200 euros mensais.

O responsável apontou que esta é uma prática comum a outras empresas do grupo, onde foram feitas reestruturações idênticas, com fixação dos turnos, mas os trabalhadores mantiveram o pagamento das horas noturnas a 50% e apenas os novos contratados passaram a receber a 25%.

“Eles nesta empresa não querem fazer isso”, disse Manuel Fernando, adiantando que o SOCN tem já em cima da mesa a marcação de uma nova greve, que deverá começar com a paralisação durante uma hora por turno, uma vez por semana.

“Mais para a frente, se eles mantiverem a intransigência deles, poderemos pensar noutras formas de luta”, acrescentou.

A Corticeira Amorim, em comunicado enviado em 09 de maio, onde deu conta dos resultados do primeiro trimestre deste ano, começou por explicar que, “influenciado pelo contexto económico que afeta o setor da construção e pela intensificação da concorrência de produtores asiáticos, o mercado de pavimentos na Europa enfrentou reduções de vendas de 14% em 2022 e de cerca de 20% em 2023, registando perdas significativas que têm levado os grandes ‘players’ do setor a implementar medidas para redução de custos”.

Assim, e considerando “a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring”, o grupo decidiu “iniciar um processo de reestruturação desta unidade de negócios que implica, numa primeira fase, o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial”.

A Corticeira Amorim registou, no primeiro trimestre deste ano, lucros de 16,1 milhões de euros, uma redução de 32,4% em termos homólogos, adiantou o grupo.

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