Rangel indica que “protesto veemente” em Figo Maduro resultou de mal-entendido e nega insultos
O ministro dos Negócios Estrangeiros esclareceu esta terça-feira que o “protesto veemente” que fez ao chefe da Força Aérea no aeródromo de Figo Maduro, em outubro, resultou de “um mal-entendido”, garantindo não ter utilizado linguagem imprópria.
Ouvido esta tarde numa audição parlamentar conjunta das comissões parlamentares dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel explicou que no passado dia 04 de outubro após a chegada ao aeródromo de Figo Maduro, teve, como mandam as normas de segurança, de seguir um veículo “follow me” da Força Aérea, que o encaminhou para “um sítio onde estava tudo escuro” para depois parar durante cerca de 20 minutos.
Perante a interrupção no trajeto, o ministro Paulo Rangel e a sua equipa de segurança foram informados de que “não podiam sair dali”, embora não tenha sido transmitida por parte de quem o encaminhava qualquer explicação ou informação.
Dada a demora e a ausência de explicações, Rangel, que só retomou a marcha 20 minutos depois da paragem, disse ter apresentado um “protesto veemente” ao chefe do Estado-Maior da Força Aérea, o general João Cartaxo Alves, que não estaria informado sobre o erro de encaminhamento.
“Isso é completamente falso”: Paulo Rangel volta a negar insultos a militares em Figo Maduro
“Houve um mal-entendido, porque nos apercebemos de que ele não tinha noção nenhuma que tinha havido um erro de encaminhamento”, indicou o ministro após os pedidos de esclarecimento do PS e do Chega – autores do pedido de audição.
O erro prendeu-se com uma chegada simultânea do ministro da Defesa ao aeródromo após uma visita à Grécia, disse Rangel. “Julgaram que a pessoa que vinha daquele carro, o Follow Me, ia para esse outro avião e não para aquele”, detalhou.
Paulo Rangel explicou que após Cartaxo Alves ter entendido o contexto do seu protesto, conversou consigo para pedir desculpa, garantindo que seria feita uma avaliação dos acontecimentos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou nunca ter pedido para ir para um sítio “não seguro” em Figo Maduro, ao contrário do que foi avançado na comunicação social, tendo-se limitado a pedir para que o veículo avançasse após “20 minutos parado no meio do breu sem nenhuma explicação”.
“Pedi com todo o cuidado, eu próprio, pessoalmente, depois de o meu corpo de segurança pessoal ter pedido três ou quatro vezes para nos encaminharem para o sítio certo. Ora, o sítio certo é definido pelo ‘follow me'”, disse.
Rangel garantiu ainda, em relação aos alegados insultos dirigidos a militares nesse dia, que “em nenhum momento teve algum gesto de apoucamento” ou usou “linguagem imprópria, insultos ou ofensas”, acrescentando que em toda a sua vida “não há uma única pessoa que alguma vez tenha ouvido (Rangel) a usar palavra de calão”.
“Uma coisa caricata e que não abona muito em meu favor, mostra até um certo puritanismo verbal”, disse.
O ministro reconheceu, por fim, o momento de “alguma tensão”, mas reiterou que “tudo ficou sanado na altura” e disse que Cartaxo Alves foi “excecional quando se apercebeu de que estavam a falar sobre coisas diferentes”.
A audição durou cerca de meia hora, tendo apenas o PS e o Chega exigido explicações sobre os acontecimentos desse dia. PSD, IL e Bloco de Esquerda intervieram no sentido de desvalorizar o agendamento desta audição.
O alegado episódio, que começou por ser noticiado pelo jornal Tal & Qual e foi posteriormente descrito em meios como o Correio da Manhã e a televisão CNN/TVI, terá acontecido na chegada de cidadãos portugueses repatriados do Líbano, no dia 04 de outubro.
Em causa estão supostos insultos feitos pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a militares, no aeródromo militar de Figo Maduro, em 04 de outubro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses que se encontravam no Líbano.