Quando é altura de deitar as caixas de plástico para alimentos fora? Os conselhos de especialistas para não lhe ‘saltar a tampa’

Os recipientes de plástico para armazenamento de alimentos são uma presença comum em cozinhas de todo o mundo, conhecidos pela sua acessibilidade e durabilidade. Contudo, a segurança do seu uso prolongado tem sido questionada, especialmente no que diz respeito a modelos antigos. Será que é seguro continuar a utilizá-los? Especialistas em ciência alimentar ajudam a esclarecer.

Tipos de plástico: como identificar e avaliar
A durabilidade e segurança dos recipientes dependem diretamente do tipo de plástico utilizado na sua fabricação. Michael Tunick, químico investigador na Universidade Drexel, em entrevista ao Huffington Post, aconselha verificar o código de reciclagem localizado na base do recipiente. Este número, que varia entre 1 e 7, indica o tipo de plástico utilizado.

De acordo com Tunick, os números 2, 4 e 5 representam os materiais mais seguros para o contacto com alimentos:

2 (HDPE): Polietileno de alta densidade, encontrado em garrafas de óleo e de leite. É resistente e considerado seguro para alimentos.
4 (LDPE): Polietileno de baixa densidade, comum em sacos de pão e garrafas flexíveis, também seguro e reutilizável.
5 (PP): Polipropileno, usado em embalagens de iogurte e sacos de batatas fritas, igualmente seguro para reutilização.
A escolha de recipientes com estes códigos não só garante segurança alimentar como oferece maior durabilidade para múltiplas utilizações.

Bryan Quoc Le, consultor em ciência alimentar, alerta para os riscos associados a plásticos menos seguros: “Componentes plásticos podem migrar para os alimentos e muitos atuam como disruptores endócrinos, afetando o equilíbrio hormonal.” Além disso, microplásticos libertados por superfícies degradadas estão associados a problemas na saúde pulmonar, hepática e metabólica, segundo estudos da Harvard Medical School.

Marcas conhecidas vs. genéricas: o que escolher?
O debate entre marcas renomadas, como Tupperware e Rubbermaid, e alternativas genéricas é frequente. Trevor Craig, especialista em segurança alimentar no laboratório Microbac, explica que as marcas conhecidas investem em designs mais robustos e duráveis. “Estas empresas construíram a sua reputação com base na fiabilidade dos seus produtos, e o preço extra reflete essa garantia,” afirmou.

Contudo, Bryan Quoc Le nota que, em 2025, a diferença de qualidade entre marcas famosas e genéricas tem diminuído devido a mudanças nas estruturas empresariais. Assim, é possível optar por alternativas mais acessíveis, desde que os códigos de reciclagem sejam verificados para garantir a segurança alimentar.

Quando é hora de substituir os recipientes?
Não há um prazo específico para descartar recipientes de plástico, mas o estado de conservação é um indicador essencial. “Com o tempo, os recipientes começam a rachar, lascar, deformar, ganhar odores ou manchas que não desaparecem, e é nesses casos que devem ser reciclados e substituídos,” explica Craig.

Recipientes com mais de 10 anos devem ser evitados, mesmo que pareçam em bom estado. No passado, muitos plásticos continham bisfenol A (BPA), um químico associado a doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. A Tupperware anunciou em 2010 que deixou de usar BPA nos seus produtos, o que levou à popularização de recipientes “livres de BPA”. Contudo, produtos fabricados antes dessa data podem apresentar riscos.

Embora seja tentador lavar recipientes de plástico na máquina de lavar louça, essa prática pode acelerar a sua degradação. Le avisa que “as condições de água quente deterioram significativamente o plástico,” reduzindo a sua durabilidade. Para prolongar a vida dos recipientes, é preferível lavá-los manualmente com água morna.

Os recipientes de plástico continuam a ser aliados práticos na cozinha, mas a sua segurança depende de uma utilização informada e criteriosa. Verifique os códigos de reciclagem, evite modelos antigos que possam conter BPA e lave-os à mão para aumentar a sua longevidade. Estas medidas simples podem proteger tanto a sua saúde como o ambiente.