Putin faz hoje balanço do ano: conflito na Ucrânia e economia da Rússia devem ser os temas dominantes
O Presidente russo, Vladimir Putin, vai fazer o seu “balanço do ano” esta quinta-feira, respondendo a perguntas de jornalistas russos e estrangeiros, e do público em geral, anunciou o Kremlin.
“A conferência de imprensa terá lugar a 19 de dezembro. Será um formato combinado”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência oficial russa TASS.
Na conferência de imprensa “estarão presentes sobretudo jornalistas estrangeiros [já] acreditados na Rússia, mas também vários meios de comunicação ocidentais”, acrescentou, segundo a agência francesa AFP.
Putin irá fazer o balanço de 2024 quase três anos após o início da agressão russa à Ucrânia e numa altura em que a economia do país dá sinais de esgotamento.
O diretor-executivo do principal banco russo, o Sberbank, German Gref, fez soar o alarme sobre a economia russa, minada pela inflação, taxas de juro muito elevadas e sanções ocidentais, citando “sinais significativos de abrandamento” e “o perigo de estagflação”.
“A situação é difícil. Toda uma série de mutuários vai encontrar-se numa situação difícil, os bancos vão estar numa situação difícil”, afirmou num fórum sobre investimento, segundo a agência russa Interfax.
“Tudo depende do tempo que durar a diferença entre a inflação real e as taxas de juro do mercado. Nunca houve uma diferença tão grande, não podemos sobreviver assim durante muito tempo”, alertou.
A declaração de uma das figuras mais influentes da Rússia contrasta com o tom tranquilizador de Putin, quando afirmou que “não havia razão para pânico”, segundo a AFP.
Putin assegurou na altura que a situação estava “sob controlo”, apesar do enfraquecimento do rublo devido a novas sanções dos Estados Unidos.
A inflação mantém-se em cerca de 8,5%, corroendo o poder de compra e levando o Banco Central (BCR) a aumentar a sua taxa diretora para 21% no final de outubro, um nível que não se via desde 2003.
Gref, antigo ministro do Desenvolvimento Económico entre 2000 e 2007, lamentou “uma situação complicada” e “sinais significativos de abrandamento da economia, nomeadamente no que se refere à habitação e ao investimento imobiliário”.
“Os mercados estão a sobreaquecer, como em Moscovo, Krasnodar e São Petersburgo”, três das regiões mais dinâmicas da Rússia, alertou.
O diretor do Sberbank acrescentou que existe também “o perigo de estagflação”, quando a economia sofre de uma inflação elevada e de um crescimento muito fraco ao mesmo tempo.
Putin iniciou em 2001 as conferências de imprensa de balanço do ano e também um programa de televisão em que respondia a perguntas do público.
Em 2023, a grande conferência de imprensa e a linha direta foram finalmente combinadas no programa “Ano em Revista com Vladimir Putin”, segundo a TASS.
O primeiro evento no novo formato realizou-se em 14 de dezembro de 2023, tendo sido recebidas mais de 2.800 perguntas do público através de diferentes formatos.
A TASS recordou que em 2023, Putin falou sobre a “operação militar especial na Ucrânia”, o nome oficial da invasão lançada em 2022, para dizer que se mantinham os objetivos de “desnazificar e desmilitarizar” o país vizinho, tornando-o um Estado neutro.
“Haverá paz quando atingirmos os nossos objetivos”, afirmou Putin há um ano.