Protestos junto ao Consulado de Portugal em São Paulo pela demora na emissão de vistos
Dezenas de brasileiros protestaram hoje em frente ao Consulado Geral de Portugal em São Paulo, maior cidade do Brasil, contra a demora na emissão de vistos de trabalho, pedidos há mais de cinco meses e ainda sem resposta.
Os manifestantes, muitos deles indignados e separados de familiares que já estão em Portugal, disseram à Lusa, no local, terem dado entrada do processo há mais de 170 dias e que ainda estão à espera de uma resposta do Governo português.
Jean Almeida Queiros, gráfico, contou que entrou com o processo para obter um visto de trabalho em Portugal juntamente com a sua mulher no Consulado Geral de São Paulo. Ela recebeu a autorização e já está em Portugal desde outubro de 2024, mas o processo dele não teve um desfecho e não lhe apontaram uma razão ou um prazo.
“Eu apliquei meu visto dia 31 de julho de 2024, faz 175 dias que eu estou esperando o meu passaporte, que está retido no Consulado, sem pendência nenhuma. O prazo é de 60 dias e até agora eu não tenho nenhuma resposta sobre o meu visto, sobre o meu passaporte”, declarou.
A cineasta Evelim Santos, também presente no protesto, explicou ter apresentado a solicitação do visto de trabalho no final de julho passado, com a “esperança e a vontade” de exercer a sua profissão em Portugal, mas está parada, sem trabalhar, aguardando uma resposta.
“Tenho uma noiva que mora em Portugal há três anos (…) tenho uma casa lá, uma vida lá, tudo me esperando e já perdi trabalhos em Portugal, inclusive, e perco trabalhos aqui em São Paulo também, esperando que o visto vai sair e ele nunca sai, então só estou tendo prejuízo nessa história”, desabafou.
Já Rosemary Alcantara, professora, disse que começou a planear a mudança para Portugal há mais de quatro anos, fez o pedido de visto em agosto passado e desde então também está sem resposta.
“Hoje faz 170 dias, aplicámos juntos, pessoalmente, o visto na VFS Global, eu e meu marido. O [visto] dele saiu com 47 dias e o meu até hoje está parado”, detalhou a professora.
O protesto, acompanhado pela Lusa, decorreu durante cerca de quatro horas, até dois manifestantes serem recebidos pelo Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, António Pedro da Vinha Rodrigues da Silva.
À Lusa, Rodrigo Berti, engenheiro de produção, um dos manifestantes que conversou com Rodrigues da Silva, disse que este admitiu existir “um problema grave com a empresa VSF, que não tem dado resposta e omite das pessoas que têm solicitado visto em que etapa está o processo de cada pessoa”.
Além disso, segundo a mesma fonte, o Cônsul-Geral terá dito “que existem processos em que aparecem datas no site [da VSF], mas chegam (…) [ao Consulado de Portugal] dois meses depois do que foi informado”.
Berti acrescentou que o diplomata lhe disse que o problema está a ser causado pela grande procura e o fim do regime de manifestação de interesse em matéria de política de imigração, que terá contribuído para o acumular de solicitações.
Segundo contou à Lusa, na conversa com o diplomata português, relatou que está desempregado porque deixou a empresa na qual trabalhava dentro de um planeamento familiar para procurar emprego em Portugal, mandou a documentação dentro do prazo, mas a empresa responsável pela triagem e o encaminhamento dos processos não informa o que está a acontecer.
A Lusa tentou falar com o Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, o embaixador Rodrigues da Silva, por telefone e por mensagem, mas não obteve nenhuma resposta ou comentário do diplomata.
Além de São Paulo, brasileiros também marcaram protestos hoje em Belo Horizonte e Salvador à frente dos Consulados de Portugal devido à demora na emissão dos vistos de trabalho.