Proteínas em pó contêm níveis preocupantes de metais pesados, denuncia estudo. Sabor a chocolate é o mais perigoso
Foram encontrados níveis preocupantes de chumbo e cádmio nas proteínas em pó de venda livre, segundo um estudo da ‘Clean Label Project’, mas também quantidades mais elevadas em produtos à base de plantas, orgânicos e com sabor a chocolate.
“Em média, as proteínas orgânicas em pó continham três vezes mais chumbo e o dobro da quantidade de cádmio em comparação com os produtos não orgânicos”, salientou Jaclyn Bowen, diretora-executiva da ONG dedicada à rotulagem transparente de alimentos.
Em causa, indicou esta segunda-feira a ‘CNN Portugal’, estão pós à base de plantas, como os produzidos tendo por base soja, arroz, ervilhas e outras plantas, que tinham três vezes mais chumbo do que os produtos à base de soro de leite. As plantas, revelaram os especialistas, absorvem naturalmente os metais pesados da crosta terrestre, mas também podem conter níveis elevados se forem cultivadas num solo contaminado. Mas, de acordo com a investigação, há outra fonte importante de contaminação: o aroma de chocolate. “As proteínas em pó com sabor a chocolate continham quatro vezes mais chumbo e até 110 vezes mais cádmio do que as proteínas em pó com sabor a baunilha”, salientou Bowen.
“O contaminante de metal pesado é um problema global de segurança alimentar”, alertou Bowen. “Estes contaminantes estão basicamente em todo o lado, incluindo em coisas que estão a ser apresentadas como alimentos saudáveis.”
Para a sua investigação, o ‘Clean Label Project’ comprou 160 produtos de 70 das marcas mais vendidas de proteínas em pó, sem que no entanto tenham sido divulgadas as marcas. “Não divulgámos os nomes das empresas que testamos para manter a justiça e a consistência e para evitar potenciais conflitos de interesse”, explicou Bowen.
As amostras de proteínas em pó foram enviadas para um laboratório certificado independente, que efetuou cerca de 36 mil testes a 258 contaminantes diferentes – metais pesados, bisfenóis, ftalatos e substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas, ou PFAS. No relatório, foram apenas divulgados os níveis de chumbo, cádmio, bisfenol A e o seu primo bisfenol S, mais conhecido por BPA e BPS.
“Encontrámos BPA e BPS em apenas três dos 160 pós de proteína, em comparação com 55% dos produtos que testámos em 2018”, referiu Bowen. Porém, 47% das 160 amostras de proteína em pó testadas em 2024 excederam as diretrizes regulatórias: cerca de 21% dos pós continham níveis duas vezes mais altos do que o limite. Quase 80% dos pós de proteína orgânica e à base de plantas testados estavam acima do limite de chumbo: no entanto, apenas 26% dos produtos proteicos à base de colagénio e 28% dos produtos à base de soro de leite excederam o limite de chumbo.
“Para as pessoas que seguem uma dieta totalmente baseada em vegetais, as proteínas em pó feitas de ervilhas parecem ter os níveis mais baixos de metais pesados. Se não tiver restrições alimentares, os dados sugerem que as proteínas em pó com sabor a baunilha, à base de soro de leite ou de ovo, terão a menor quantidade”, sustentou Bowen.