Primeiros casos importados de vírus semelhante ao Zika são detetados na Europa: mulheres grávidas em particular risco
A agência de controlo de doenças da Europa alertou, esta sexta-feira, os turistas sobre os riscos — especialmente para mulheres grávidas — de viajar para áreas com altos casos de um vírus semelhante ao Zika depois de terem sido detetados os primeiros casos da doença na Europa.
Foram relatados 19 casos importados do vírus Oropouche (OROV) — uma doença zoonótica que se espalha para humanos a partir de mosquitos e moscas infetadas — em países da União Europeia entre junho e julho: em junho e julho: 12 na Espanha, cinco em Itália e dois na Alemanha. Todos estavam ligados a viagens recentes a Cuba e ao Brasil, alertou o ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças).
O vírus Oropouche pode causar febre, dor de cabeça, náusea, vómitos e dores musculares e articulares, mas é particularmente perigoso para mulheres grávidas – pode levar a aborto espontâneo, problemas de desenvolvimento e deformidades para o feto, salientou o ECDC, acrescentando que isso “ainda está sob investigação”.
O Ministério da Saúde do Brasil fez soar o alarme em julho último, depois de quatro bebés terem nascido com microcefalia — cabeças menores do que o esperado. As respetivas mães estavam infetadas com o vírus.
Já o vírus Zika, que também é transmitido por mosquitos, é conhecido por causar deformações congénitas, incluindo microcefalia. Em 2015 e 2016, o Brasil registou mais de 3.500 casos de microcefalia infantil de uma estimativa de 1,5 milhão de pessoas infetadas num grande surto, relatou a revista ‘Science’.
Não há vacina ou medicamento para prevenir ou tratar o OROV. Embora a doença raramente seja fatal, o Brasil relatou recentemente as duas primeiras mortes do mundo pelo vírus, ambas mulheres na faixa dos 20 anos.
Desde janeiro, foram relatados mais de 8 mil casos na América do Sul, América Central e Caribe, com surtos relatados no Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru e Cuba.
O ECDC disse que o risco de infeção para cidadãos europeus que viajam para as áreas epidémicas nas Américas é “avaliado como moderado”: mas a probabilidade de exposição humana na Europa continua muito baixa, já que os mosquitos e moscas que carregam o vírus estão ausentes no continente e não há casos documentados de transmissão de humano para humano até ao momento.