Prigozhin é “um morto ambulante”: “Putin prendeu e assassinou pessoas por muito menos”, alerta analista

O chefe mercenário russo Yevgeny Prigozhin é um “dead man walking” (“morto ambulante”) depois de ter liderado uma rebelião fracassada contra Vladimir Putin, apontou esta segunda-feira Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group, em declarações citada pela ‘CNBC’.

A revolta armada do fim de semana de Prigozhin, um ex-aliado de Putin que fundou o grupo de milícia privada Wagner, foi amplamente vista como a maior ameaça aos 23 anos de poder do presidente russo. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o episódio expôs “fendas” no Kremlin que não foram vistas anteriormente.

Prigozhin é “uma espécie de morto ambulante neste momento”, sustentou Bremmer. “Ficaria muito surpreendido que ele ainda esteja connosco daqui a alguns meses.”

A revolta liderada por Prigozhin foi um golpe sem precedentes para Putin, que até então tinha sido capaz de acabar rapidamente com protestos desarmados ocasionais. No fim de semana, os soldados de Wagner chegaram a 200 quilómetros de Moscovo antes de o seu líder fizesse o anúncio abrupto de abortar a missão.

“Putin prendeu e assassinou pessoas por muito menos do que Prigozhin fez com ele”, acrescentou Bremmer. “É inconcebível para mim que Putin permita que ele viva mais do que o absolutamente necessário.”

Como parte do acordo mediado pelo presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, Prigozhin iria para o exílio na Bielorrússia em troca de cancelar a insurreição. “Obviamente, isso mostra um nível de fraqueza sem precedentes para o presidente Putin”, disse o especialista.

“Mas, ao mesmo tempo, enquanto Putin foi testado sem precedentes, não houve uma única deserção de alto escalão das forças armadas russas, do Governo russo ou entre os oligarcas russos – portanto, qualquer um que acredite que Putin está repentinamente prestes a deixar o poder, também precisa reconhecer que não é onde estamos”, acrescentou.