Preços da comida, luz e gás subiram muito mais do que os salários nos últimos três anos

Os preços dos bens essenciais aumentou bem mais do que a atualização do nível dos salários médios e até mesmo do salário mínimo nacional até ao final de 2024, revelou esta terça-feira o ‘Diário de Notícias’: esta perda de poder de compra pelos portugueses, desde o começo da crise inflacionista (no início de 2022, agravada pela guerra contra a Ucrânia), afeta o consumo de um vasto cabaz de bens essenciais.

Milhões de famílias em Portugal precisam agora de dedicar uma maior proporção dos seus salários – e pensões – para a aquisição de bens mais essenciais, um problema que afeta mais as famílias com menores rendimentos. De acordo com o jornal diário, o salário mínimo bruto aumentou 23% entre 2021 e 2024 – de 665 para 820 euros -, sendo que em Portugal há mais de 830 mil pessoas que recebem o ordenado mínimo.

Segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística -, o salário médio bruto da economia (tanto privado como público) subiu 16% desde o final de 2021 até ao terceiro trimestre do ano passado – a remuneração média bruta em Portugal ronda os 1.570 euros mensais.

No entanto, a subida dos salários não acompanhou o aumento dos preços de “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”, onde a inflação, desde o final de 2021, disparou mais de 26%, um valor superior ao aumento acumulado no salário mínimo nacional e no salário médio.

No grupo “leite, queijo e ovos”, houve um aumento de 32% nos três anos em análise: a carne subiu 29%, os produtos hortícolas mais 28%, e o pão mais 27%. Outro bem essencial são “eletricidade, gás e outros combustíveis”, que sofreu um agravamento do preço, desde 2021, superior a 23%. De acordo com o INE, tornou-se muito mais caro ir a restaurantes e café, onde os preços médios subiram mais de 24%.

“Em 2024, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma variação média anual de 2,4%, taxa inferior à registada no conjunto do ano 2023 (4,3%)”, mas “excluindo do IPC a energia e os bens alimentares não transformados”, a taxa de variação média é maior. “Situou-se em 2,5% (5% no ano anterior)”, informou o INE.

Entre as “maiores contribuições positivas para a variação homóloga do IPC, destacam-se a dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis e dos restaurantes e hotéis”. Em sentido contrário, estão mais baratos os “acessórios para o lar”, o grupo “equipamento doméstico e manutenção da habitação” e o duo “vestuário e calçado”.