Preço dos carros novos em Portugal aumentou 19 vezes mais do que os salários médios desde 2019

Na último década, o mercado automóvel em Portugal passou por transformações significativas, que refletiram mudanças tecnológicas, regulatórias e económicas que influenciaram diretamente os preços dos veículos novos. Comparando os preços de 2014 com os de 2024, é possível observar um aumento generalizado, devido a vários fatores: a transição para veículos elétricos e híbridos, a implementação de novas tecnologias de segurança e conforto, e o impacto da inflação.

Dois exemplos: em 2014, o mercado português oferecia uma variedade de automóveis utilitários, como o Renault Clio ou o Volkswagen Polo, cujos preços base começavam em torno dos 13 e 15 mil euros, respetivamente. Os veículos eram equipados com motores de combustão interna simples, com opções básicas de tecnologia e segurança. Dez anos volvidos, os mesmo modelos, agora mais sofisticados, têm preços base de entre 20 e 24 mil euros, respetivamente, o que reflete um aumento médio de cerca de 55%.

No que diz respeito a veículos usados em Portugal, o preço médio, em 2019, em Portugal era de 13.560 euros, sendo que em 2023 esse valor cresceu para 18.900 euros, um aumento de cerca de 39,4% – desde 2019, os preços dos carros mais vendidos no país aumentaram 22,6%.

E quando aos salários? Em 2019, o salário médio bruto mensal em Portugal era de 1.276 euros mensais (15.312 anuais). Por sua vez, esse valor aumentou para 1.640 euros (19.680 anuais), representando um crescimento de aproximadamente 28,5%. Ou seja, esta subida de 364 euros médios (4.368 anuais) não chega para compensar o aumento registado nos dois modelos apresentados. Assim, face à subida de 7 e 9 mil euros, respetivamente, pode-se perceber que aumentou 19 e 24 vezes mais do que o ritmo de crescimento dos salários. Em termos anuais, falamos de praticamente o dobro.

Também nos usados, o aumento foi significativo: subiram 5.340 euros (preços médios) no espaço de quatro anos, o que foi 14,6 vez mais do que o correspondente aumento dos ordenados.

Em Espanha, apontou a publicação ‘El Confidencial’, a situação também apontou a mesma conclusão: segundo um estudo da Sumauto, o preço médio de um carro novo em Espanha é atualmente de 26.021 euros, mais 7.081 do que há cinco anos. Um aumento que quadruplica o aumento dos salários e duplica a inflação nesse período.

No relatório, e para saber quanto custa para os espanhóis adquirir um carro recém-matriculado, comparou-se o preço médio que se pagou em 2019 e o que se paga atualmente para saber quanto cresceu. Assim, a compra de um veículo no país vizinho em 2024 está 37,4% mais cara, sendo que a evolução do IPC (Índice de preços no consumidor), evolução do IPC totalizou um aumento de 20,4%, enquanto o salário médio dos espanhóis aumentaram apenas 10,4% entre 2019 e 2024.

Segundo o estudo da Sumauto, o aumento do custo dos veículos novos resulta da combinação de vários fatores, como a prolongada crise industrial causada pela escassez de semicondutores, o aumento do custo das matérias-primas, o aumento do custo dos desenvolvimento e fabrico de automóveis para se adaptarem às normas ambientais e de segurança europeias cada vez mais rigorosas ou aos diversos conflitos geopolíticos de âmbito internacional, como a guerra provocada pela invasão da Ucrânia ou os crescentes confrontos no Médio Oriente.