Portugueses entre os 35 e 45 anos e trabalhadores por conta própria lideram pedidos de moratórias

Em junho de 2020, 7% dos devedores particulares com crédito efetivo registado na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal (CRC) beneficiavam de uma moratória pública ou privada.

A percentagem de devedores que recorreu a uma moratória é maior naqueles que têm entre 35 e 45 anos e nos que são trabalhadores por conta própria, apurou a análise de Luísa Farinha, da equipa de Estudos Económicos do Banco de Portugal.

“Isto poderá justificar-se por estes devedores terem rendimentos mais sensíveis a choques na economia”, explica a autora da análise.

Além disso, os resultados do Inquérito à Situação Financeira das Famílias de 2017 revelam que para estes tipos de famílias o rácio entre as prestações dos empréstimos e o rendimento disponível é mais elevado do que a média.

Os devedores com 65 anos ou mais e os devedores reformados, cujo rendimento foi menos afetado pela crise, recorreram menos a moratórias. A intensidade do recurso à moratória é pouco diferenciada por nível de escolaridade.

O peso do crédito abrangido por moratórias no valor do crédito total às famílias é baixo no caso das famílias que têm tipicamente situações laborais mais vulneráveis, como as mais jovens, de menor nível de escolaridade e os trabalhadores por conta própria.

Mais de 80% do crédito abrangido por uma moratória é crédito à habitação, que é garantido por um imóvel e tem taxas de incumprimento baixas.

Estas situações mitigam a potencial perda para o sistema financeiro decorrente da materialização do risco de crédito após a vigência das moratórias.