Portugueses consideram que qualidade dos serviços públicos está cada vez pior. INE revela que avaliação feita é a pior desde 2008
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou esta segunda-feira um relatório que evidencia melhorias no bem-estar geral dos portugueses em 2023, mas aponta para uma deterioração significativa na avaliação dos serviços públicos e na participação cívica. Os resultados, que abrangem dez critérios principais, revelam tendências contrastantes entre os diversos indicadores que medem a qualidade de vida em Portugal.
segurança pessoal e economia registam melhorias
Entre os domínios com evolução mais positiva destacam-se a segurança pessoal, a educação, o conhecimento e a situação económica. O relatório sublinha que a segurança pessoal teve o maior avanço dentro dos critérios avaliados, embora com nuances. Após alcançar níveis elevados durante a pandemia, o índice desceu em 2022, mas voltou a subir ligeiramente em 2023, ultrapassando o patamar de 2019.
O indicador de confiança na polícia atingiu o valor recorde de 49,2 pontos, enquanto a satisfação com as taxas de criminalidade registadas alcançou quase 80 pontos. Apesar destes dados positivos, a pontuação relativa a 2023 foi inferior à registada no ano anterior.
Perceção negativa sobre serviços públicos e participação cívica
Um dos pontos mais críticos do relatório é a avaliação negativa dos serviços públicos. Com uma pontuação de apenas 13 numa escala de zero a cem, este domínio apresenta a pior classificação desde 2008, com uma queda abrupta em relação aos 22 pontos registados em 2022. Esta tendência negativa é contínua desde 2021, após um pico de apreciações mais favoráveis em 2020, durante a pandemia.
O relatório aponta também para uma quebra acentuada na participação cívica e na governação, em declínio desde 2017. No que diz respeito à participação eleitoral, Portugal atingiu níveis mínimos em comparação com países de referência. Não há dados relativos a 2023, uma vez que não houve eleições no último ano.
Desafios na conciliação entre vida familiar e trabalho
A conciliação entre vida familiar e trabalho permanece um desafio significativo, com níveis de satisfação que não recuperaram desde 2010, quando se registaram os valores mais altos. Este domínio é um dos poucos que não apresenta sinais de melhoria no relatório de 2023.
Consumo cultural em recuperação, mas longe dos níveis pré-pandemia
Apesar de uma ligeira recuperação no consumo de actividades culturais em relação ao período pandémico, os números continuam abaixo dos níveis alcançados em 2019. Este dado reflete o impacto contínuo da pandemia nos hábitos culturais dos portugueses.
Meio ambiente regista melhorias pontuais
Na área ambiental, os indicadores apresentam uma evolução positiva, em especial devido ao aumento da população servida por estações de tratamento de águas residuais. Outros avanços incluem a diminuição de mortes prematuras relacionadas com a poluição do ar, o número de praias com Bandeira Azul e a redução de problemas ambientais reportados pelos cidadãos nas suas zonas de residência.
Ainda assim, os dados destacam que o número de pessoas que se queixa de poluição e sujidade é mais do dobro dos que relatam problemas de ruído. Apesar disso, a situação já foi pior em anos anteriores.