Portugal está entre os países da UE que fizeram aumentar compras de GNL russo em 40%: Kremlin embolsa 5,29 mil milhões de euros

As compras de gás natural liquefeito (GNL) por parte da União Europeia dispararam desde o início da guerra na Ucrânia, apesar das promessas de um corte drástico nas importações de gás de Moscovo: a denúncia chegou esta quarta-feira da ONG Global Witness, que acusou a UE de ter comprado 21,6 milhões de metros cúbicos (mcm) de GNL russo entre janeiro e julho deste ano, um aumento em comparação com o mesmo período de 2022, quando as importações totalizaram 21,3 mcm.

O aumento tornou-se ainda mais expressivo se for comparado com o mesmo período de 2021, antes da invasão russa: 39,5%.

Há três Estados-membros da UE entre os cinco principais clientes do GNL russo em 2023: China – 8,7 milhões m3; Espanha – 7,5 milhões m3; Bélgica – 7,1 milhões m3; Japão – 7 milhões m3; e França – 4,5 milhões m3.

Na lista da ONG constam ainda os Países Baixos, Grécia, Portugal, Finlândia, Itália e Suécia no estudo conduzido pela Global Witness, que sustentou-se em dados de transporte marítimo obtidos pela empresa de análise Kpler.

No total, é estimado que a UE tenha comprado 52% de todas as exportações de GNL da Rússia entre janeiro e julho, uma quota de mercado que excede a marca dos 49% de 2022 e dos 39% de 2021 – as compras valeram 5,29 mil milhões de euros ao Kremlin, um valor que coloca em causa os esforços do bloco europeu para enfraquecer os cofres de Moscovo.

“Comprar gás russo tem o mesmo impacto do que comprar petróleo russo. Ambos financiam a guerra na Ucrânia e cada euro significa mais derramamento de sangue. Enquanto os países europeus condenam a guerra, estão a colocar dinheiro nos bolsos de Putin”, acusou Jonathan Noronha-Gant, ativista sénior da Global Witness, em comunicado.

Desde o início do conflito na Ucrânia, a UE proibiu as importações de carvão e de petróleo russo mas poupou as de gás. Enquanto os fluxos de gás canalizado foram drasticamente reduzidos através de planos nacionais e da retaliação de Vladimir Putin, os tanques de GNL russo parecem ser muito bem recebidos nos portos europeus.

Segundo dados do Eurostat, no primeiro trimestre de 2023, a Rússia era o segundo maior fornecedor de GNL da UE, apenas atrás dos Estados Unidos e à frente do Qatar, Argélia, Noruega e Nigéria.