Poluição atmosférica responsável por 6020 mortes em Portugal

Na última década registaram-se menos mortes prematuras associadas à poluição atmosférica na Europa. Portugal registou uma tendência semelhante: em 2018, o número de óbitos foi de 6020, enquanto em 2009 tinham-se registado 8570 mortes, segundo dados divulgados esta segunda-feira pela Agência Europeia do Ambiente (AEA), que comparou os dois anos.

Em Portugal, os dados mostram que as mortes associadas à exposição a partículas finas – uma das formas mais perigosas de poluição atmosférica – diminuíram em 2018 para 4900, havendo também uma redução da mortalidade associada ao dióxido de azoto NO2 (750 óbitos), já o número de mortes causadas pelo ozono O3 estabilizou (370), comparando com os dados de 2009. Assim, no total, a poluição atmosférica foi responsável pela morte prematura de 6020 pessoas em Portugal.

Houve, por isso, uma redução da mortalidade face aos dados de 2009, que dão conta de 6800 mortes por partículas finas, 1400 óbitos por dióxido de azoto e 370 mortes por ozono. O que, no total, perfaz 8570 óbitos causados pela poluição – mais 2550 mortes do que em 2018.

Nos 41 países analisados no relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), as mortes prematuras derivadas da qualidade do ar diminuíram nos últimos dez anos, tendo-se registado cerca de 417 mil óbitos, em 2018, o que corresponde a menos 60 mil óbitos do que em 2009.

No que toca ao número de anos de vida perdidos atribuíveis à exposição a partículas finas, NO2 e O3, em 2018, Portugal perdeu 53.000 anos, 8200 e 4100, respetivamente. No total, perderam-se 65.300 anos.

Em 2009, o número de anos de vida perdidos foi 105.000 – um número bem acima dos dados de 2018.

“Os dados da AEA provam que investir numa melhor qualidade do ar é investir numa melhor saúde e produtividade para todos os europeus. Políticas e ações que sejam coerentes com a ambição de ‘poluição zero’ na Europa conduzem a vidas mais longas e saudáveis e a sociedades mais resilientes”, sublinhou o diretor executivo da AEA, Hans Bruyninckx, em conferência de imprensa.

Ainda de acordo com o relatório da OMM, os poluentes provenientes da agricultura, aquecimento de casas e veículos estão além dos níveis necessários para assegurar ar respirável dentro das diretrizes da Organização Mundial de Saúde, apesar da legislação da União Europeia.

Segundo aponta o relatório, registaram-se algumas melhorias devido aos confinamentos da covid-19, mas ficam aquém das ações necessárias por parte dos governos este ano, que continuam a falhar em proteger os cidadãos da poluição.