Polónia quer ‘proteger’ Netanyahu do mandado de prisão do TPI durante visita a Auschwitz
O presidente da Polónia pediu ao Governo do país para garantir que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não corra risco de prisão caso compareça ao 80º aniversário da libertação de Auschwitz, escreveu esta quinta-feira a publicação ‘Bloomberg’.
Segundo o órgão de comunicação social, o presidente Andrzej Duda escreveu uma carta ao primeiro-ministro Donald Tusk na qual enfatizou a necessidade de que a visita de Netanyahu ocorra sem problemas, devido à natureza “excecional” do evento.
Recorde-se que Benjamin Netanyahu tem um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI): a Polónia, sendo signatária do TPI, seria obrigada a seguir o protocolo e prender Netanyahu caso ele entre no país. As autoridades polacas já haviam garantido que, caso Netanyahu entrasse no país, executariam o mandado, o que representou um desafio em termos do evento de celebração do 80º aniversário em homenagem à libertação de Auschwitz.
O pedido do presidente coloca a Polónia entra a espada e a parede: No entanto, Duda expressou confiança de que poderia ser encontrada uma solução para equilibrar as obrigações legais com a significância do evento.
A 21 de novembro de 2024, o TPI, com sede em Haia, emitiu mandados de captura contra Netanyahu por crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Gaza, onde Israel está a conduzir uma operação militar em retaliação ao ataque perpetrado no seu território a 07 de outubro de 2023 pelo movimento islâmico palestiniano Hamas.
A decisão suscitou a fúria de Israel, que recorreu da decisão, embora não reconheça o tribunal.
As cerimónias que assinalam o 80.º aniversário da libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz-Birkenau pelo Exército Vermelho estão previstas para 27 deste mês, com a participação de delegações de vários países.
A direção do museu de Auschwitz-Birkenau já tinha dito à agência noticiosa France-Presse (AFP) que não iria enviar convites formais para as cerimónias e que cabia a cada país escolher os seus representantes.
Construído na Polónia ocupada, Auschwitz-Birkenau é o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreu no campo entre 1940 e 1945, juntamente com mais de 100.000 não-judeus.
Cerca de 80.000 polacos não judeus, 25.000 ciganos e 20.000 soldados soviéticos foram também mortos pelos nazis alemães.