Polónia investe 10 mil milhões para se defender de possível invasão

A Polónia vai investir quase 10 mil milhões de euros numa infraestrutura para se preparar para a possibilidade de uma invasão como a que a Ucrânia está a tentar debelar há quase três anos.

De acordo com um documento do Governo consultado pela Lusa, o executivo polaco avançou com um projeto intitulado “escudo de leste” para reforçar até 2028 a capacidades de dissuasão e coartar a mobilidade dos militares de um país invasor.

Em causa está a invasão russa à Ucrânia e a incapacidade de expulsar os militares russos do território que ocuparam há quase três anos e que deixou Varsóvia em alerta.

Em concreto, a Polónia vai investir quase 10 mil milhões de euros na criação de uma infraestrutura ao longo de 800 quilómetros, cobrindo a totalidade das fronteiras com a Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia e o território russo de Kaliningrado.

Fonte de um dos ramos das Forças Armadas do país explicou que foi necessário aprender com o que correu mal na Ucrânia em fevereiro de 2022, nomeadamente a incapacidade de os militares ucranianos impedirem o avanço dos soldados russos até Kiev.

Uma das principais medidas deste programa é coartar as possibilidades de acesso de um país invasor a Varsóvia e outras cidades de maior dimensão.

Para isso, a Polónia quer reequipar as estradas para, se o dia chegar, atrasar qualquer avanço de veículos invasores, nomeadamente carros de combate.

Em fevereiro de 2022, os veículos militares russos chegaram às portas de Kiev em pouco mais de 48 horas.

Em simultâneo, a infraestrutura criada também visa melhorar a mobilidade dentro do território dos militares polacos, para que, mais rapidamente cheguem a locais com presença de militares invasores.

O reforço da capacidade de dissuasão incluiu uma utilização maior de drones (veículos aéreos sem tripulação e remotamente manobrados) e sistemas de defesa antiaérea, aprendendo com o que acontece ainda hoje na Ucrânia, em que a Rússia bombardeia infraestruturas civis ucranianas.

A linha de defesa não é só ao longo dos 800 quilómetros de fronteira, também é para criar uma “rede” de contenção de entre 50 a 100 quilómetros dentro território polaco.

No cenário de uma invasão, uma das últimas fases também envolve a colocação de minas no território polaco, para impedir o avanço das tropas, mas fonte militar não esclareceu como seria implementada esta decisão, esclarecendo apenas que seria um dos últimos recursos a ser ponderado e apenas em cenário de impossibilidade de conter o avanço de tropas invasoras de outra maneira.

A Polónia preside ao Conselho da União Europeia (UE) durante os primeiros seis meses de 2025 e escolheu a segurança como prioridade.

O objetivo, explicou na quarta-feira de tarde o ministro polaco para a UE, é criar as bases para um reforço das capacidades de defesa dos países europeus, incentivando a cooperação entre as 27 nações do bloco político-económico e o reforço da base industrial de defesa europeia, depauperada nas últimas décadas.