Polónia assume presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Brasil fica à frente dos BRICS
A partir de hoje, a Polónia assume a presidência semestral do Conselho da União Europeia, sucedendo à Hungria, cuja gestão foi marcada por controvérsias e tensões. Embora a presidência rotativa não confira poderes executivos significativos, o país no comando desempenha um papel central na definição da agenda do bloco e na condução das reuniões temáticas.
A gestão polaca surge após um período de grande polémica sob o comando do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que iniciou o seu mandato com uma visita controversa a Vladimir Putin em Moscovo, em julho de 2024, gerando indignação entre os restantes membros da UE. Em contraste, a Polónia apresenta-se com um líder experiente na política europeia, Donald Tusk, que presidiu o Conselho Europeu de 2014 a 2019 e conhece os desafios do cargo.
Crescimento económico e prioridade à segurança
Desde que aderiu à UE, em 2004, a economia da Polónia tem crescido de forma consistente, representando atualmente cerca de 4% do PIB total do bloco, segundo o Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais. Este valor coloca a economia polaca logo atrás de potências como Alemanha, França, Itália, Espanha e Países Baixos.
Além disso, o país é um dos que mais investem em defesa no seio da União Europeia, sendo um pilar importante da NATO. A representante permanente da Polónia na UE, Agnieszka Bartol, destacou que a segurança será uma prioridade central durante a presidência. “Estamos em tempos extremamente desafiadores. Há uma guerra bem perto de nós”, afirmou Bartol, referindo-se à guerra na Ucrânia.
Política de migração no centro das atenções
A Polónia desempenha um papel crucial na política de migração da União, funcionando como uma barreira para fluxos de migrantes, especialmente na fronteira com a Bielorrússia. Em dezembro de 2024, o governo polaco aprovou uma lei que limita temporariamente o direito de solicitar asilo, gerando críticas em Bruxelas.
O executivo polaco também construiu uma barreira de cinco metros na fronteira com a Bielorrússia, reforçada com arame farpado, para conter os migrantes. No entanto, esta medida foi recebida com reservas pela UE, que defende a necessidade de equilibrar segurança e respeito pelos direitos humanos.
Donald Tusk, o primeiro-ministro polaco, afirmou que a política de migração é essencial para proteger o país contra o que considera “ataques híbridos” provenientes da Bielorrússia. Segundo o governo, 63 agentes de segurança ficaram feridos em 2024 ao tentarem conter migrantes na fronteira.
Brasil assume presidência do grupo BRICS
O Brasil inicia hoje a sua presidência do grupo BRICS, que reúne algumas das maiores economias emergentes do mundo: Rússia, China, Índia, África do Sul e Emirados Árabes Unidos. Sob o lema “fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, o Brasil retorna ao comando do bloco após seis anos.
O professor de relações internacionais Vladimir Feijó, da Uni Arnaldo, destaca que o Brasil terá o desafio de promover a abertura económica entre os membros do grupo e avançar em acordos comerciais que compensem obstáculos como as negociações difíceis do Mercosul-União Europeia e as tarifas prometidas pelos Estados Unidos.
A agenda brasileira incluirá temas como cibersegurança, transição energética e mudanças climáticas. O país também atuará como mediador entre iniciativas do G20 e a COP-30, que será realizada em Belém do Pará, no final de 2025.
“O Brasil tem uma posição estratégica como potência emergente, mas enfrenta desafios internos que podem limitar a sua influência no cenário internacional”, observou Feijó.
Outro objetivo central da presidência brasileira será a reforma do sistema de governança global, com destaque para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. O BRICS tem defendido uma reorganização das instituições internacionais para refletir melhor o equilíbrio de poder do século XXI.
Caso a reforma da ONU não avance, o bloco pode criar uma estrutura paralela, com o apoio de outros países em desenvolvimento. Desde a sua criação, em 2009, o BRICS tem buscado consolidar-se como uma força geopolítica capaz de influenciar a distribuição de poder global.