Polónia alerta para “fortes pressões” sobre a UE para um acordo de paz insatisfatório na Ucrânia

A Polónia assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE no início de janeiro e o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikoski, identificou aquele que será um dos maiores desafios que a UE irá enfrentar durante este semestre: a forte pressão a que a sua diplomacia estará sujeita para forçar um acordo de paz na Ucrânia em condições insatisfatórias.

Numa reunião com embaixadores europeus, o responsável político indicou que é importante não dar tempo a Moscovo para se voltar a fortalecer. “Em breve, poderemos enfrentar uma forte pressão para chegar a um acordo com Moscovo. Mas que tipo de acordo poderia uma Europa sensata aceitar? Este não é, certamente, um acordo comum que permitiria a Moscovo recuperar o seu poder. A Europa é muito mais forte do que pensam os dirigentes russos. A Rússia é muito mais fraca do que muitos europeus pensam”, apontou.

“A Ucrânia merece paz, precisa de paz. Mas deve ser uma paz em termos justos e não uma capitulação. Não devemos impor limites de tempo rigorosos ao nosso apoio, isso irá encorajar a Rússia a continuar na luta. Em vez disso, devemos fazer todo o possível para melhorar a posição de Kiev nas negociações futuras”, apontou Sikoski.

Entre os temas principais da presidência polaca semestral do Conselho da UE, estão a segurança europeia em todas as suas dimensões, ou seja, externa, interna, informativa, económica, energética, alimentar e de saúde. A Polónia, garantiu Sikoski, espera fazer progressos em muitas áreas, incluindo a aproximação da Ucrânia à UE.

“Presideremos a União Europeia num momento de desafios extremos, uma guerra está a ser travada mesmo ao nosso lado, a outra um pouco mais longe, os governos na Europa e no mundo estão a mudar”, afirmou a embaixadora polaca na UE, Agnieszka Bartol. Até o chefe do governo polaco, Donald Tusk, sublinhou recentemente que Varsóvia presidirá aos 27 num “período difícil”, referindo-se à Ucrânia, ao Médio Oriente ou aos atuais acontecimentos dramáticos na Geórgia.

Espera-se que a Polónia, um importante aliado de Kiev, possa desempenhar um papel importante em torno da Ucrânia: para fevereiro, a UE deve adotar o 16º pacote de sanções da UE, que deverá ser muito duro contra Moscovo e afetar significativamente a Rússia. O primeiro-ministro polaco reiterou que as conversações de paz com a Ucrânia poderão começar “no inverno deste ano”. “A nossa presidência (da UE) será principalmente co-responsável por como será o cenário político, talvez até como será a situação durante as conversações de paz”, disse. No contexto de possíveis conversações, a mensagem básica de Varsóvia é clara: não há conversações de paz na Ucrânia sem a Ucrânia.