Plano do SNS? “Há diminuição de 26% do recurso às urgências por grávidas”

O 1º. Relatório de Avaliação do Desempenho do Plano de Emergência e Transformação na Saúde foi entregue esta quinta-feira ao Ministério da Saúde, e “há alguns resultados”, nomeadamente, em relação às grávidas. Os encaminhamentos errados por parte da Linha SNS24 denunciados esta semana não constam do documento.

O grupo de trabalho responsável pela avaliação do Desempenho do Plano de Emergência e Transformação na Saúde revelou que há medidas que “têm de ser revistas” no documento, que o “acesso é a palavra-chave” e que há resultados visíveis, nomeadamente, em relação à Linha SNS Grávida.

“Desde que existe esta Linha SNS Grávida, já há uma diminuição de 26% do recurso às urgências por parte das grávidas”, informou o coordenador deste grupo, Carlos Robalo, em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, depois de entregar o primeiro relatório de avaliação.

Questionado sobre a influência dos serviços que têm tido as portas fechadas nos resultados, o coordenador sublinhou que, tal também aconteceu noutros anos e que a ele não “lhe compete criticar esses aspetos da política. Somos um grupo apolítico”.

“Mas, naturalmente, que os problemas existem. E é por isso que existe esse plano: para tentar resolver os problemas”, afirmou.

Quando questionado sobre o assunto, o responsável afirmou que o relatório não teve em conta as notícias desta semana acerca do encaminhamento errado por parte da Linha SNS24 para serviços que estavam encerrados, nomeadamente de crianças doentes. “Este é o primeiro relatório. O que acontece depois vai ser objeto do relatório seguinte. Não tem em consideração esse problema”, afirmou, explicando que o relatório ficou fechado a 20 de dezembro.

Ainda quanto ao encaminhamento das grávidas, Carlos Robalo Cordeiro disse que no que se referia à Linha SNS Grávida “já resultou em 12% de encaminhamento para autocuidados, 26% para cuidados de saúde primários, e apenas 68-69% de encaminhamento para a urgência com perto de 2% através do INEM. Há aqui alguns resultados”.

O que é recomendando?

Em relação à escassez de recursos humanos, o coordenador confessou que no que diz respeito aos médicos aos médicos, os motivos podem ser não só em relação à valorização das carreiras, mas também à “urgencialização da medicina em Portugal”. “Somos o país da OCDE onde se recorre mais às urgências. Muitas das medidas que estão neste plano também pretendem retirar esse recurso exagerado à urgência”, atirou, referindo que também a literacia para à população era importante.

No entanto, uma maior capacidade de recrutamento de médicos para o Serviço Nacional de Saúde é uma das recomendações do grupo de trabalho.

Também na área dos cuidados de saúde primários é preciso fazer esse reforço, disse, lembrando que relativamente a 2023 há mais 200 mil portugueses com médico de família, mas ainda há 1,5 milhões que não têm.

O grupo de trabalho defende também o reforço da articulação entre o setor público, social e privado, destacando a criação das USF Modelo C, que também concorre para que eventualmente haja mais atração de médicos de família, salientou.

“Há várias medidas que têm naturalmente que ser tomadas, mas, apesar de tudo, houve alguma contratação de mais médicos”, disse.

O documento será tornado público, mas o grupo de trabalho afirma que há medidas que têm de ser revistas, e que “o acesso é a palavra-chave”.

Criado no final de agosto por despacho da ministra da Saúde, o grupo de trabalho liderado pelo pneumologista Carlos Robalo Cordeiro está a avaliar, acompanhar e a monitorizar a execução do plano, que entrou em vigor a 29 de maio e é composto por cinco eixos prioritários que incluem 54 medidas para serem implementadas de forma urgente, prioritária e estrutural.

O médico Carlos Robalo Cordeiro explicou que o grupo avaliou 15 medidas urgentes e 24 medidas prioritárias, até 20 de dezembro.