PJ tem sob investigação cerca de 500 casos de tráfico de seres humanos

A Polícia Judiciária tem sob investigação atualmente cerca de 500 casos de tráfico de seres humanos e auxílio à imigração ilegal, denuncia esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’, que destaca que os relatórios da segurança interna apontam que estes crimes estão em crescimentos em Portugal – no ano passado, houve mais de 200 arguidos e detidos.

De acordo com a Europol, cada cidadão estrangeiro que queira vir trabalhar para a Europa paga aos traficantes entre 15 e 20 mil euros. “Os criminosos publicitam as suas atividades ilícitas em várias plataformas das redes sociais para atrair os migrantes, publicando também vídeos de transportes bem-sucedidos”, denuncia o documento, que destaca que as redes de tráfico ilícito funcionam em diversos estratos: começa nos recrutadores aos fornecedores de alojamento (para estadia temporária de migrantes); dos coletores de dinheiro até aos falsificadores de documentos e identidades, ou ainda fornecedores de equipamento e condutores que transportam os migrantes.

As autoridades nacionais, nos últimos anos, têm-se apercebido de um sem-número de esquemas destas redes em território nacional. Um dos mais frequentes é o aluguer e abertura de lojas nos centros históricos de Lisboa e Porto – mas também outros pontos do país, como no Alentejo – para servirem de fachada. “Muitos destes estabelecimentos comerciais não têm praticamente clientes. Vendem produtos que muitas vezes compram noutros supermercados e têm formalmente um número desproporcionado de ‘empregados’ que raramente lá estão”, refere fonte judicial ao semanário.

Já foram descobertos, nos grandes centros urbanos, apartamentos que serviram apenas de morada de referência para centenas de imigrantes traficados pelas redes: na Penha de França, em Lisboa, uma cave era a morada fictícia de mais de 2 mil pessoas. Já nos meios rurais, as explorações agrícolas são terreno fértil para a atuação destas máfias: na apanha da fruta são contratados ‘serviços’ – xis trabalhadores para xis dias – a uma empresa de outsourcing local, normalmente propriedade de portugueses ou de imigrantes já instalados no país. “Estes passam ao nível seguinte e vendem o serviço a uma outra empresa e cada um vai retirando a sua percentagem na transação”, até quase nada sobrar para a mão de obra “quase escrava”, indica.