Passe ferroviário de 20 euros da CP não trava crescimento da procura de autocarros expresso
Apesar da introdução do passe ferroviário de 20 euros pela CP, os autocarros low-cost, como a Rede Expressos e a Flixbus, continuam a registar um aumento significativo na procura. Nos últimos dois meses, a procura pelos serviços rodoviários subiu 18% em relação ao mesmo período do ano passado, consolidando o crescimento deste setor, que já transporta mais passageiros em viagens de longa distância, acima de 50 km, do que o serviço ferroviário.
Desde a sua implementação a 21 de outubro, o passe da CP atraiu 73.232 passageiros, dos quais 49 mil são novos utilizadores, assinala o Jornal de Notícias. Este título permitiu a reserva de 232 mil lugares no serviço Intercidades de 2.ª classe. No entanto, os dados revelam que o transporte rodoviário mantém-se competitivo. A Rede Expressos transportou mais de 10 milhões de passageiros em 2024, um aumento de 13% face a 2023, evidenciando uma clara preferência dos viajantes pelos autocarros.
A Flixbus também confirma a tendência de crescimento, tanto a nível doméstico como internacional. Pablo Pastega, diretor-geral da Flixbus em Portugal, sublinha que “é cedo para avaliar o verdadeiro impacto” do novo passe ferroviário. No entanto, destaca a importância dos autocarros expresso, especialmente para destinos no interior do país, e enfatiza que o serviço é mantido exclusivamente com investimento privado, ao contrário da CP, que recebe apoio estatal.
As greves no setor ferroviário e os preços competitivos dos autocarros são apontados como fatores que minimizam o impacto do passe ferroviário. Simulações realizadas pelo JN indicam que as viagens de autocarro são mais económicas para viagens ocasionais, comparativamente ao passe da CP, que é válido durante um mês. A diferença de preço em relação ao serviço Alfa Pendular pode ser de pelo menos 17 euros, quando os bilhetes são comprados com antecedência.
A Rede Expressos prevê uma redução média de 9,3% nos preços dos bilhetes para 2025 e o reforço das ligações diretas a aeroportos. A Flixbus, por sua vez, planeia expandir a sua rede em Portugal, acrescentando 11 novos destinos, com foco no interior do país. O diretor-geral da empresa salienta ainda a intenção de continuar a lutar pelo acesso aos terminais de Lisboa e Coimbra.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), 54,7 milhões de passageiros viajaram de comboio no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 12,3% em relação ao trimestre anterior. Paralelamente, as vendas digitais na Rede Expressos cresceram 22% em 2024, evidenciando a crescente digitalização do setor. As viagens sazonais destacam-se nos serviços de ligação entre Porto, Coimbra, Lisboa e Vigo, especialmente durante o Natal, enquanto no verão, as viagens para o sul e a costa são as mais procuradas.