Pandemia da Covid-19 diminuiu o bem-estar em Portugal: Qualidade e condições de vida estão em queda desde 2019, revela INE

A pandemia da Covid-19 fez com que bem-estar em 2020 tenha diminuído, afetando as Condições Materiais de Vida do que a Qualidade de Vida, segundo os dados divulgados no mais recente relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A análise divulgada esta segunda-feira, referente ao período entre 2019 e 2020, feita por indicador dá conta dos cinco indicadores mais afetados pela pandemia, entre eles o índice de consumos culturais, a taxa de intensidade de pobreza, a taxa de risco de pobreza, a desigualdade na distribuição do rendimento e o índice de participação em atividades públicas.

Quanto à perspetiva da Qualidade de Vida, o documento mostra que, em 2020, decresceram os índices dos domínios da Educação, Participação cívica e governação e Relações sociais e bem-estar subjetivo.

“O Índice de Bem-estar (IBE) da população portuguesa evoluiu positivamente entre 2004 e 2020. Estima-se que o valor de 2020 se tenha mantido em 2021”, conclui o instituto esclarecendo que este dado “reflete a evolução do bem-estar da população recorrendo a dez índices sintéticos”, sendo que “estes índices traduzem duas perspetivas de análise: Condições Materiais de Vida e Qualidade de Vida”.

“Entre 2009 e 2013 estes dois índices evoluíram claramente em sentidos opostos, com as Condições Materiais de Vida a evidenciarem uma tendência decrescente e a Qualidade de Vida uma tendência crescente. Entre 2013 e 2016 apresentaram uma evolução no mesmo sentido. Após esse ano, a Qualidade de Vida manteve uma tendência decrescente suave e as Condições Materiais de Vida cresceram até 2019 e diminuiram ligeiramente a partir desse ano”, acrescenta.

No documento é ainda divulgado que,  “considerando apenas o período posterior a 2013, nove dos dez domínios que integram o IBE apresentaram uma evolução tendencialmente positiva”, sendo que “os três domínios pertencentes às Condições Materiais de Vida foram os que apresentaram uma evolução mais favorável, apesar da redução verificada em 2020 como resultado da pandemia”.

A análise do bem-estar apresentada tem por base os índices sintéticos de Condições Materiais de Vida e de Qualidade de Vida, que se têm revelado “distintos ao longo do tempo”, dado que “o índice de Qualidade de Vida foi sempre superior ao das Condições Materiais de Vida, com exceção do período de 2008 a 2009 e do ano de 2019”, divulga o INE.

A evolução das Condições Materiais de Vida passou por quatro períodos de tempo
distintos: entre 2004 e 2009 apresentou uma evolução positiva à custa do contributo da evolução do domínio do Bem-estar económico; de 2010 a 2013 a evolução foi negativa devido aos decréscimos extremamente acentuados dos índices dos domínios Emprego e Vulnerabilidade económica. Já a partir de 2014, registou-se uma evolução positiva como consequência da evolução também positiva dos índices dos três domínios. Por fim, houve uma inflexão em 2019 proveniente do comportamento negativo dos três domínios.